Ontem, a Uniban, em São Bernardo do Campo, anunciou a expulsão da aluna Geyse Arruda, que usou um minivestido rosa e recebeu absurdos insultos em 22 de outubro – registrados em um vídeo que bombou na internet. A univesidade alegou que ela se vestiu de forma não adequada para ir à faculdade. A notícia é supreendente. Imaginava-se que, se houvesse punição, seria para os agressores. Polêmica à parte, porém, o episódio trouxe à mídia a discussão sobre o uso de roupas apropriadas em certos ambientes. Como disse sabiamente a antropóloga e professora da Unb, Débora Diniz, em um artigo do jornal Estado de S. Paulo “não há nada que justifique a violência contra as mulheres” (http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,o-urro-ancestral-da-faculdade-injuriada,459621,0.htm.) Como a vestimenta é um instrumento de expressão, resolvi entrevistar Max Gehringer, comentarista de assuntos corporativos sobre como se vestir para o trabalho.
Mulher 7 x 7 – Existe realmente uma roupa apropriada para se usar em certos ambientes, como a faculdade ou trabalho? Quem determina isso?
Max Gehringer- Em ambientes públicos, como shoppings, cada um pode se vestir como achar melhor. Em se tratando de ambientes privados, como empresas ou instituições de ensino, sempre existe um código de como se vestir adequadamente. Às vezes, esse código é escrito, outras vezes não. Podemos tomar como exemplo a própria Editora Globo. Estive na Globo dezenas de vezes, e nunca vi uma jornalista usando uma saia curta. Mas há muitas jornalistas com tatuagens e piercings, e isso é considerado normal e apropriado. No fim, tudo é uma questão de bom senso. Cada empresa ou instituição tem suas regras, e a melhor maneira de evitar uma situação delicada é observar como os outros empregados se vestem e se comportam, e tentar se adaptar a esse padrão. A diferenciação, principalmente no caso das mulheres, irá se dar por pequenos detalhes no vestuário, e as mulheres são especialistas nisso.
Mulher 7 x 7- Os homens podem adotar shorts ou bermudões no trabalho? Conheço uma pessoa que vai trabalhar de sandálias havaianas na sede do Google em Atlanta, nos EUA.
Gehringer - É importante ter em mente que o traje de trabalho no Google – e, por extensão, o comportamento pouco usual de seus funcionários – não foi definido pelos empregados. Foi definido pelos próprios donos, como uma maneira de mostrar ao mercado que a empresa era diferente, antenada e sem barreiras. Ao ser contratado, o empregado já sabia disso. E, portanto, simplesmente se adaptava ao traje convencional, que, no caso, era anti-convencional em comparação a outras empresas. Mas a regrinha básica continua valendo: o pessoal do Google se veste como a direção da empresa definiu que eles poderiam se vestir.
Mulher 7 x 7- O homem brasileiro reclama de usar gravata no calor tropical. Ela é realmente necessária? Gehringer - A gravata é a única peça da indumentária masculina que não tem uma função prática. Ela é apenas decorativa, e realmente é uma herança de outros tempos, em que os ricos se diferenciavam dos pobres pela maneira como se vestiam. Hoje, um milionário pode vestir jeans e camisa pólo, e ninguém vai criticá-lo por isso. Mas há algumas situações que ainda exigem o uso da gravata. Eu sempre levava uma gravata no bolso quando tinha uma reunião com pessoas de fora da empresa. Se elas estivessem engravatadas, eu dizia que estava vindo de outro compromisso mais informal, e ia ao banheiro colocar a minha gravata.
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Mulher 7 x 7 – Existe realmente uma roupa apropriada para se usar em certos ambientes, como a faculdade ou trabalho? Quem determina isso?
Max Gehringer- Em ambientes públicos, como shoppings, cada um pode se vestir como achar melhor. Em se tratando de ambientes privados, como empresas ou instituições de ensino, sempre existe um código de como se vestir adequadamente. Às vezes, esse código é escrito, outras vezes não. Podemos tomar como exemplo a própria Editora Globo. Estive na Globo dezenas de vezes, e nunca vi uma jornalista usando uma saia curta. Mas há muitas jornalistas com tatuagens e piercings, e isso é considerado normal e apropriado. No fim, tudo é uma questão de bom senso. Cada empresa ou instituição tem suas regras, e a melhor maneira de evitar uma situação delicada é observar como os outros empregados se vestem e se comportam, e tentar se adaptar a esse padrão. A diferenciação, principalmente no caso das mulheres, irá se dar por pequenos detalhes no vestuário, e as mulheres são especialistas nisso.
Mulher 7 x 7- Os homens podem adotar shorts ou bermudões no trabalho? Conheço uma pessoa que vai trabalhar de sandálias havaianas na sede do Google em Atlanta, nos EUA.
Gehringer - É importante ter em mente que o traje de trabalho no Google – e, por extensão, o comportamento pouco usual de seus funcionários – não foi definido pelos empregados. Foi definido pelos próprios donos, como uma maneira de mostrar ao mercado que a empresa era diferente, antenada e sem barreiras. Ao ser contratado, o empregado já sabia disso. E, portanto, simplesmente se adaptava ao traje convencional, que, no caso, era anti-convencional em comparação a outras empresas. Mas a regrinha básica continua valendo: o pessoal do Google se veste como a direção da empresa definiu que eles poderiam se vestir.
Mulher 7 x 7- O homem brasileiro reclama de usar gravata no calor tropical. Ela é realmente necessária? Gehringer - A gravata é a única peça da indumentária masculina que não tem uma função prática. Ela é apenas decorativa, e realmente é uma herança de outros tempos, em que os ricos se diferenciavam dos pobres pela maneira como se vestiam. Hoje, um milionário pode vestir jeans e camisa pólo, e ninguém vai criticá-lo por isso. Mas há algumas situações que ainda exigem o uso da gravata. Eu sempre levava uma gravata no bolso quando tinha uma reunião com pessoas de fora da empresa. Se elas estivessem engravatadas, eu dizia que estava vindo de outro compromisso mais informal, e ia ao banheiro colocar a minha gravata.
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