sexta-feira, outubro 30, 2009


quarta-feira, outubro 28, 2009

Homens que dizem "não" - ótimo texto

Um manual básico sobre a rejeição masculina

Quando eu era garoto, no início dos anos 70, havia na minha classe da escola um menino magrelo, de cabelos compridos, que tocava piano na igreja protestante que a família dele freqüentava. Uma das meninas da classe era louca por ele, que não dava muita bola para a fã. Teríamos uns 13 anos.

Um sábado, a classe toda foi ao cinema e admiradora, atrevida, sentou-se ao lado do jovem músico. A praxe nessas ocasiões era que ele desse uns beijos desengonçados na garota, qualquer que fosse ela, para deixar claro seu gosto pela coisa. Mas ele declinou. Na saída, diante dos olhos espantados dos amigos, explicou: “Não tive vontade, eu gosto da amiga dela.”

Foi a primeira vez que vi um homem dizer não.

A segunda vez aconteceu anos depois, no colégio, quando um dos meninos mais certinhos da classe aceitou, de forma relutante, acompanhar os bandoleiros da turma em visita ao prostíbulo que havia perto da escola. Era um edifício mambembe, sem elevador, e as prostitutas se exibiam em roupas íntimas na porta dos apartamentos.

No terceiro andar daquele animado mercado de carne, o rapaz sucumbiu: desceu as escadas aos pulos, segurando os óculos no rosto, e voltou para escola. Confessaria, depois, ter ficado “enojado”. As opiniões se dividiram. Uma boa metade dos amigos achou que ele era sensível demais. A outra ficou admirada com a sua integridade. Aos 15 ou 16 anos, quase todos se sentiam incomodados naquele ambiente – mas só ele tivera a coragem de pular fora e dizer isso claramente.

Desde então já se passaram algumas décadas, mas esse assunto não deixou de ser delicado. Como regra geral, homem não recusa sexo. Quando recusa, sente-se na necessidade de dar explicações, como se estivesse fazendo algo errado. Homens não se sentem à vontade para dizer “não”, embora tenham crescido ouvindo NÃO das mulheres. É um direito delas, não nosso.

Se os homens não gostam de dizer não, as mulheres tampouco gostam de ouvir. Acham desconcertante, quase esquisito. Não estão acostumadas. Mesmo as mulheres mais modernas, dessas que abordam o sujeito no balcão do bar, não contam seriamente com a possibilidade de recusa diante de uma sugestão explícita de intimidade. Sobretudo uma mulher sedutora. Quando acontece, ficam frustradas, algumas quase indignadas – principalmente se o sujeito deu para trás depois de uns beijos ou coisa parecida.

Não obstante, recusas masculinas vão se tornando mais comuns, até porque a oferta de sexo é maior. Na minha adolescência a lógica ditava que se deveria agarrar qualquer ocasião, uma vez que não havia muitas. Agora elas se multiplicam. Meninos e meninas podem escolher e o fazem. Mesmo assim os códigos são diferentes para cada um dos sexos – e eu acho que existe incompreensão mútua em torno deles.

Como eu não sei explicar por que as mulheres agem como agem, vou falar um pouco do que eu sei melhor: as razões que levam homens a dizer “não” às mulheres. Talvez isso ajude a desfazer alguns mitos.

Vamos lá:

A primeira razão de recusa, por incrível que pareça, é que homens, ao contrário da lenda, têm sentimentos. Um homem triste, por exemplo, que acabou de levar um pé na bunda, pode não querer transar. Isso existe, senhoritas. Já vi amigos deixarem passar oportunidades sexuais interessantes por estarem chateados. Ou deprimidos, o que está se tornando tristemente comum. A libido masculina, apesar da mitologia, não é uma faca de mola que se arma com o aperto de um botão. Às vezes o desejo dos homens foge para o mesmo lugar misterioso em que o desejo das mulheres se esconde, e pelas mesmas razões subjetivas. Enfim, homens não são máquinas de transar, ainda que muitos de nós tenhamos dificuldade em aceitar essa ideia.

Outro tipo de “não” relativamente comum, apesar de certa descrença feminina, vem de homens apaixonados por outra mulher. É claro que o sujeito pode estar apaixonado e, ainda assim, estar disposto a experimentar. Mas é mais comum, na minha experiência, que o sujeito emocionalmente envolvido estabeleça uma espécie de quarentena em relação a outras mulheres. Pode durar semanas, meses ou anos. O prazo depende do sujeito e depende da paixão, mas acontece.

Homens casados são outros que, frequentemente, se fingem de morto diante das insinuações femininas. Talvez tenham vontade, mas antecipam que, depois de feito, não se sentirão bem. Ou mesmo durante. Homens sentem culpa, embora não sejam famosos por esse sentimento. Eles também sentem medo, o que ajuda a evitar aventuras sexuais fora de casa. Sobretudo com mulheres casadas. Esse não é um sentimento nobre, mas tem seu papel na manutenção da paz doméstica.

Logo, se o sujeito não está casado, deprimido ou apaixonado, jamais vai negar fogo? Não é assim. Existem também as inseguranças, as questões gerais de química e afinidade e, por fim, aquilo que eu chamo de vírgula invisível. Vamos por partes.

Inseguranças são uma constante na vida masculina. As mulheres às vezes são recusadas por serem bonitas ou exuberantes em excesso. Aquilo que na gíria masculina é chamada de “mulher demais pro meu caminhãozinho”. Isso acontece o tempo todo. O sujeito é muito tímido, tem (ou está com) baixa autoestima e não sabe o que fazer com aquele mulherão. No fundo, ele acha que não merece. Tem medo de não dar conta e prefere se esquivar. É o fantasma da broxada que assombra a vida dos homens de uma forma que as mulheres nunca entenderão perfeitamente. Logo, há certa verdade na presunção feminina de ser “boa demais” para um determinado sujeito. Às vezes são mesmo.

Outra coisa que as mulheres deveriam entender, nesse mesmo capítulo da insegurança, é que boa parte dos homens não gosta de se sentir pressionado. Se algumas mulheres se excitam com a condição de presa acuada, conheço poucos sujeitos que crescem nessa situação. Se o rapaz já está dando sinais de hesitação, abrir o terceiro botão da blusa, tornar a coisa ainda mais explícita, pode piorar bastante a situação. Faça o contrário: dê espaço, ajude o sujeito a ficar confortável, tente fazer com que ele se sinta seguro. A mensagem subliminar deveria ser: não há risco de vexame. É assim que vem à tona aquilo que John Maynard Keynes chamou, em outro contexto, de “espírito animal”.

Quando eu era menino, na Penha paulistana, havia, perto da casa de um amigo, a menina mais dadivosa da redondeza. Teria uns 16 anos, era gorda, alta e bonita e adorava (ou fingia adorar...) iniciar garotinhos entrando na adolescência. Com um grave porém: ela avisava aos candidatos que se as coisas não fossem direito no quarto ela iria contar para todo mundo... Essa esfinge felliniana, de cujo nome eu providencialmente me esqueci, é a metáfora perfeita daquilo que apavora os homens: a ameaça de violação da sua intimidade. Não conheço um único sujeito que goste de ir para a cama com uma mulher fofoqueira. É assustador.

Química ou afinidade é outra exigência subestimada da atividade sexual masculina. Às vezes não rola. A mulher pode ser atirada demais ou tímida demais. Burra demais ou esperta demais. Muito alta ou muito baixa. Muito doce ou muito amarga. Não há regras fixas. Cada um tem suas taras e suas travas. E tampouco é uma questão meramente estética: a mulher que um sujeito acha irresistível pode não comover o cara ao lado. Não se trata, também, de gostar ou não gostar. As mulheres nos ensinaram, desde sempre, que é possível gostar muito de alguém sem ter vontade de fazer sexo. Quem de nós, homens, não tem aquela amiga fantástica que já deixou claro, umas 300 vezes, que deseja ser apenas amiga, apesar de incansável argumentação em contrário? Acontece com a gente também, oras. Carinho, admiração e ausência de... desejo.

Homens jovens, assim como mulheres jovens, não têm essas coisas claras. Confundem categorias com mais frequência. Você gosta do jeito da pessoa, ela se insinua e você vai – para descobrir que não deveria ter ido. Todo mundo faz isso, mas as tentativas e os erros, acumulados ao longo do tempo, ensinam. Os sinais vão ficando mais claros. Por exemplo: o beijo. Eu acredito que beijar continua sendo a melhor antecipação do que vem depois. Se o beijo não excita, não comove ou não mobiliza, pare. Deve ser a pessoa errada ou a hora errada.

Por fim, a vírgula invisível. Ela talvez tenha sido a minha grande descoberta existencial. Percebê-la pressupõe certa dose de modéstia e humildade – e pressupõe, também, entender a gentileza do outro. Às vezes a pessoa diz assim: eu não quero namorar. A vírgula invisível esta lá, escondendo o resto da frase: com você. Eu não estou com vontade de transar (,com você). Eu não quero dormir tarde (,com você). Eu não quero enganar o fulano (,com você). E por aí vai. Vocês entenderam.

Mulheres, por serem mais gentis, usam a vírgula invisível com mais freqüência. Mas os homens também fazem isso. Eles também dizem coisas gentis e meio complicadas quando simplesmente não estão a fim. Quando mudaram de ideia no meio do caminho (algo que as mulheres conhecem bem). É humano. Assim como é humano tentar atenuar no outro o sentimento de rejeição. Mas as sutilezas não devem nos impedir de perceber a verdade e lidar com ela. Nós, homens, enfrentamos a rejeição sexual desde muito jovens e de uma forma muito freqüente. E sobrevivemos a ela. Agora que as mulheres também podem tomar a iniciativa, e o fazem com segurança cada vez maior, também vão deparar com o “não” - às vezes depois de um longo jogo de sedução. É frustrante, pode ser embaraçoso para os dois lados, mas faz parte. E sabidamente não mata.

(Ivan Martins escreve às quartas-feiras.)

Dois Bicudos - Ana Carolina


Quando eu te vi andava tão desprevenido

Que nem ouvi tocar o alarme de perigo

E você foi me conquistando devagar

Quando notei já não tinha como recuar

E foi assim que nos juntamos distraídos

Que no começo tudo é muito divertido

Mas sempre tinha um amigo pra falar

Que o nosso amor nunca foi feito pra durar

Por mais que eu durma eu não descanso

Por mais que eu corra eu não te alcanço

Mas não tem jeito eu não sei como esperar

Desesperar também não vou

Não vou deixar você

Como água escorrendo nos dedos

Fluindo pra outro lugar

Ninguém pode negar que o nosso amor é tudo

Tudo que pode acontecer com dois bicudos

Não são tão poucas as arestas pra aparar

Mas é que o meu desejo não deseja se calar

Até os erros já parecem ter sentido

Não sei se eu traí primeiro ou fui traído

Não te pedi uma conduta exemplar

Mas é que a sua ausência é o que me dói no calcanhar

Por mais que eu durma eu não descanso

Por mais que eu corra eu não te alcanço

Mas não tem jeito eu não sei como esperar

Desesperar também não vou

Não vou deixar você passar

Como água escorrendo nos dedos

Fluindo pra outro lugar

Será sempre será

O nosso amor não morrerá

Depois que eu perdi o meu medo

Não vou mais te deixar

terça-feira, outubro 27, 2009




segunda-feira, outubro 26, 2009

I'm tired

Tive uma semana de muita bebedeira, nem quero fazer as contas da grana que eu gastei tomando cerveja.
Conheci uns americanos que vieram trabalhar na montagem de uma fábrica de latinhas de alumínio que está situada na cidade de Três Rios, bem próxima à minha cidade. O interessante disto tudo foi que deu para eu praticar o meu inglês e posso atestar que estou indo muito bem. Que bom, talveaz este seja o teste que eu estava precisando para a minha viagem a Londres no ano que vem. Espero que isto aconteça de fato e não só fique na vontade. Estou me esforçando para isto.
Tenho mesmo me dedicado aos estudos. Minha cabeça anda a 1000.
As coisas já não são tão boas como eram no ano passado no trabalho. Estou endividada. Ainda não tenho uma solução para a quitação. Isto só não me tira o sono porque procuro não pensar muito nisso, não quero contrair algum tipo de doença mental.

Meu quase amor, ficou no quase mesmo. A cada dia mais distante de mim e só me enxerga como um amiga. Não quero ser amiga dele. Prefiro nem falar.

Ando muito cansada fisicamente. Preciso de uma boa noite de sono no mínimo.

Meu livro está indo bem, estou no cap 15. Boa história. Ainda estou pensando na possibilidade de publicação. Meu amigo francês, Anselme, tem gostado do que tem lido. É muito bom ter uma opinião de um europeu.

sexta-feira, outubro 23, 2009

Platonismo

Infelizmente estou vivendo uma paixão platônica...
Essa coisa dói pra valer e o motivo que faz doer é a simples impossibilidade de estar com o ser desejado. É incrível este sentimento que pensei não mais ter que sentir. Gosto mesmo de uma pessoa e não sei como deixar de gostar, talvez até saiba - colocando outra pessoa no lugar - mas devo ser covarde por não querer fazê-lo.
Ele mora em outra cidade e durante um ano trocamos emails, torpedos e telefonemas. Parece que deixei de ser interessante a partir do momento que me declarei apaixonada. Uma mulher não deve fazer isso, se declarar. Quando isso acontece deixamos de ser a "caça" e toda a mágica da conquista para o homem, dá por terra, ou seja, perde a graça.
Mas que merda essa coisa de ter que brincar com sentimentos. Tá certo que recebi um: não sinto o mesmo por você e não quero ter que me preocupar com mais ninguém além de mim. Se isso não é um chega para lá, não devo mesmo saber o que é um NÃO.
Esperança eu tenho, mas racionalmente falando, eu tenho esperanças de que? Que ele me peça em casamento ou que diga que gosta tanto de mim que não pode mais viver sem mim? No fundo são alternativas meio chatas.
As duas opções parecem tão remanecentes comparadas aos dias de hoje. Tá bom, ele não quer nada comigo e o fato de morarmos em cidades diferentes e longe uma da outra só atrabalha. Então quero matar - se ainda tiver algum vivo - todos esses escritores e poetas que criaram a idea de que amor existe e que tudo vale a pena se a alma não é pequena.

Adrien Brody
























































A quem diga que ele é feio ou exótico...



A quem diga que ele é feio ou exótico, mas com certeza eu gosto do seu estilo e suas expressões faciais me atrai...











Adrien Brody (Nova York, 14 de abril de 1973) é um ator norte-americano, filho da fotógrafa e jornalista Sylvia Plachy e do professor de História Elliot Brody. Adrien diz que herdou a familiaridade com as câmeras da mãe, húngara, que também teve uma íntima relação com as artes cênicas ao ingressar na "American Academy of Dramatic", conceituada escola americana formadora de atores. Adrien cresceu como filho único no bairro do Queens e era companhia constante nas atividades da mãe, a quem ele credita sua "habilidade de se sentir confortável na frente das câmeras".
Naturalmente, Adrien deu seus primeiros passos em direção à
profissão de ator bem cedo e aos 13 anos já tinha participado de uma peça "off-Broadway" e de um pequeno filme feito para a TV. Seguindo o caminho de sua mãe, também ingressou na "American Academy of Dramatic Arts", onde obteve sua formação técnica em artes dramáticas. O sucesso e a merecida notoriedade, no entanto, demorariam ainda um pouco para chegar e Adrien foi, assim, construindo aos poucos sua carreira.

quinta-feira, outubro 22, 2009

A mentira

“A mentira é muita vez tão involuntária como a transpiração”, constata Bentinho, em Dom Casmurro, ao surpreender a si próprio escondendo da mãe o amor por Capitu. Como de costume, Machado de Assis retrata uma verdade: mentimos o tempo todo, até sem perceber. Mentimos sobre nossa altura, nosso peso, nossa idade. Mentimos para nós mesmos, para suportar um recalque. Mentimos para nossos pais, para tranquilizá-los, e para nossos filhos, para que não sofram. Mentimos para os amigos, para não lhes ferir a autoestima, e para o chefe, para justificar um atraso. Mentimos para o guarda, para não tomar uma multa, e para o Fisco, para pagar menos impostos. Atletas mentem para competir dopados, investigadores mentem para apanhar criminosos, políticos mentem... por vários motivos. Há mentiras inofensivas; outras mudam a vida de pessoas e até provocam guerras.

Thiago Cid

quarta-feira, outubro 21, 2009

Elegia 1938

Elegia 1938

Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,
onde as formas e as ações não enceram nenhum exemplo.
Praticas laboriosamente os gestos universais,
sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.

Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,
e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.
À noite, se neblina, abrem guardas chuvas de bronze
ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.

Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra
e sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer.
Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina
e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.

Caminhas por entre os mortos e com eles conversas
sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.
A literatura estragou tuas melhores horas de amor.
Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.

Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota
e adiar para outro século a felicidade coletiva.
Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição
porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.
Carlos Drummond de Andrade

Reminicências

A professora sempre pedia para fazermos redações e eu as fazia. Nunca tive coragem de ler qualquer coisa que eu tivesse escrito nos meus dias de criança no primário ou no ginásio. Achava que minha voz era muito grave e que pudéssem rir de mim, além de ter dois ou três alunos que na época levantavam a mão com uma constante que a professora acabava os chamando à frente da sala para a leitura. Eram tão massantes e longas e nem eram assim tão boas. Eu cheguei a acreditar que as minhas eram tolas e não as guardei.
Quisera poder ter em mãos todas as estórias que contei, no entanto o que me restam são fragmentos delas. Sim, eu recordo em boa parte de todas elas.
Escrevi uma estória super engraçada sobre um filhote de vaca que questionava o porquê de estar sendo visto por um filhote de homem...rs, não me lembro o resto, o que me lembro é que um primo meu bem mais velho, de outra cidade, a leu e ficou estupefato ao saber que tinha sido eu a redatora. Para mim eram apenas palavras comuns que eu simplesmente escrevia porque a professora pedia.
Outra vez tive que fazer um cartaz, daquele de cartolina que se usava para pregar nas paredes em dias comemorativos. Se me lembro bem o tema era sobre a paz na Terra. Eu além de desenhar a tal da pombinha escrevi o texto. Um texto comum como tantos que eu havia escrito. A direitora ao ler veio à minha procura porque queria saber quem era o autor daquelas palavras, palavras essas que segundo ela tinham grande poder de persuarsão. Eu não sabia que era boa.
Minha irmã sempre teve dificuldades para escrever qualquer coisa, inclusive custou a ser alfabetizada, devia ter algum tipo de probleminha, comigo o processo foi bem diferente, não conseguia viver sem um livro nas mãos. Eu fazia com frequência todas as as redações que sua professora pedi e ela sempre era ouvida e aclamadas nas aulas. Pergunto-me hoje, se eu escrevia tão bem nas redações que fazia para minha irmã, porque eu nuna lia as minhas nas aulas?
A resposta é simples: eu sempre tive vergonha de me expor.
Esse meu medo de dizer o que eu escrevia só me fez uma pessoa introspectiva até que comecei a ganhar concursos e prêmios de redação. Hoje cometo o mesmo crime com a filha da minha irmã - escrevo suas redações. Claro que tento colocar de uma forma que pareça que tenha sido ela a autora. Sei que isso é errado e a faço escrever suas próprias ideias ao invés de entregar as minhas.
O que eu quero dizer é que eu sempre duvidei do meu potencial por medo. O medo não existe porque somos todos iguais e ninguém é melhor do que niguém até que alguém te digue isso e você acredite.
São com as decências de mim que descubro as indecências de ser eu mesma.

Mulheres descartáveis

Mulheres descartáveis
O vale tudo emocional que vivemos nos últimos anos não é lugar para moças de família
Ivan Martins

IVAN MARTINS É editor-executivo de ÉPOCA

Michel Houellebecq é um escritor francês de péssima reputação entre as mulheres. Escreveu Partículas Elementares, livro em que lança mão de uma ciência duvidosa (a sociobiologia) para defender uma tese controversa: a de que a revolução sexual liquidou as chances de felicidade feminina.

O livro sugere que as mulheres se tornaram objetos de prazer descartáveis, que perderam o amparo que as estruturas tradicionais costumavam oferecer. Envelhecem, perdem o atrativo e a função reprodutiva e vivem à mercê dos filhos, cada vez menos respeitosos. É pessimista a não poder mais. Quem quiser ter contato com uma versão adocicada do livro pode pegar o filme nas locadoras, com o mesmo nome.

Desde a primeira vez em que tive contato com as idéias de Houllebecq elas me deixaram um gosto esquisito na boca. Por me considerar profundamente feminista, briguei silenciosamente com elas. Por ser, como o autor, um tanto pessimista, não consegui me livrar inteiramente da impressão de que as mulheres, de alguma forma, estão sendo enganadas pela história: no momento da sua maior conquista, no momento da liberdade e da igualdade de direitos, muitas se descobrem de mãos e vidas vazias.

Na semana passada aconteceram duas coisas que reforçaram meu pessimismo.

Primeiro, publicamos aqui na ÉPOCA uma reportagem perturbadora sobre infelicidade feminina. Desde 1972, ano após ano, um percentual cada vez maior de mulheres se diz infeliz com a própria vida, enquanto um número cada vez maior de homens se diz feliz com a deles. Quando a pesquisa começou, logo depois da revolução social e sexual dos anos 60, as mulheres eram muito mais felizes e esperançosas do que os homens. Agora a situação se inverteu. Pior: as mulheres ficam cada vez mais tristes à medida que envelhecem, enquanto os homens ficam mais satisfeitos.

Outra coisa que me deixou pessimista foi a conversa com uma amiga querida que já passou dos 40, tem filhos pequenos, nenhum marido e acabou de romper um namoro importante. Ela está desolada, tomada pela sensação de que as dores de amor são cada vez maiores, o tempo de recuperação é cada vez mais longo e a paixão, que viria a enterrar a dor passada, é cada vez mais rara. Os filhos dão trabalho, a vida é dura e ela já não se sente atraente como costumava ser. Eu tentei animá-la o quanto pude, mas saí da conversa mais pesado do que entrei. Pensei no livro de Houllebecq.

Hesito em escrever o que planejei escrever agora. Faltam palavras e a convicção profunda. O sentido do que eu quero dizer me parece francamente conservador, ainda assim talvez seja a coisa certa a ser dita. Talvez. Considerando, então, que as dúvidas podem ser melhores que as certezas, avancemos.



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Pode ser que a revolução dos costumes tenha traído as mulheres, como sugere Houllebecq. Digo isso e me lembro, imediatamente, de mulheres bem-sucedidas e livres que eu conheço. Elas tocaram sua vida sem se lixar para preconceitos e para a tutela dos homens. Criaram seus filhos de forma não convencional. Tiveram maridos, mas nunca foram prisioneiras de casamentos. São filhas dos anos 60. Agora estão chegando aos 50 ou 60 no controle das próprias vidas. Têm dinheiro, prestígio social e familiar e – não menos importante – estão acompanhadas. São felizes, me parece. Mas talvez sejam exceções: personalidades exuberantes, talentos privilegiados que teriam dado certo em qualquer época e qualquer ambiente.

A maioria das mulheres acima de 40 que eu conheço não é assim. A maioria é gente normal, que viveu as liberdades herdadas dos anos 60 e 70 como teria vivido o conservadorismo anterior, com naturalidade. Não eram revolucionárias. Elas acreditaram na ideia da época de que poderiam ser sexualmente livres, economicamente independentes e que tinham pleno direito à felicidade. E não foi bem assim que aconteceu. O sexo escasseia quando se deixa de ser jovem e bonita. A independência econômica ainda é uma miragem para homens e mulheres. E a felicidade, agora se sabe, não é sinônimo de liberdade e igualdade. Talvez seja o contrário, o que seria muito humano.

Parte dos problemas femininos se deve ao comportamento dos homens. Antigamente, eles ficavam no casamento, ainda que não ficassem necessariamente em casa. Manter os filhos era obrigação primordial do pai. Agora os homens vão embora e frequentemente deixam às mulheres a tarefa de criar os filhos. E está tudo bem. Não dão dinheiro suficiente e nem atenção suficiente. E está tudo bem. Na cultura de “vamos ser felizes”, herdada dos anos 60, que se espalhou por todas as classes sociais, a obrigação essencial de cada um é com a própria felicidade. A noção de dever e de obrigação vai se esgarçando até não significar coisa nenhuma. Lealdade (sobretudo sexual e afetiva) é uma palavra anacrônica. Vem junto com “traição” na lista daquelas que se usa entre parênteses.

Lembro de uma história exemplar que me contaram anos atrás. Está o pescador bonitão na praia, fumando um baseado com uma turista no colo, quando chega a mulher dele, completamente descontrolada. Ela berra com o sujeito que ele não tem ido pra casa, que ela e as crianças estão passando necessidade, lembra que ele é o marido dela, que ele é pai, pelo amor de Deus! Incomodado, mas sem tirar a gatinha do colo, o pescador responde à mulher: “Pô, para de me sufocar. Me deixe em paz. Eu preciso de espaço”... Nessa história tem uma mulher que chora e outra mulher sentada no colo do pescador. Além de um pescador safado.

Outra história, essa tirada de um filme: no final de "Terremoto" (de 1974), um sexagenário interpretado por Charlton Heston tem de escolhe entre salvar-se com a jovem e linda amante ou encarar a morte em companhia da mulher envelhecida (e chata) de toda a vida, interpretada por Ava Gardner no crepúsculo da sua beleza. O sujeito hesita por uma fração de segundo e mergulha para morrer com a velha companheira. Se hoje Tarantino filmasse essa cena seria chamado de exagerado. Lealdade saiu de moda.

É claro que a culpa pela infelicidade feminina não é dos homens. Nas últimas décadas as mulheres puderem fazer escolhas. Elas decidiram com quem e como gostariam de viver. Quantas vezes iriam casar ou se separar. Quando e em que circunstância seriam mães (esquecendo, por um segundo, que o aborto ainda é crime no Brasil). Se deixaram de perseguir a própria carreira (ou o sonho) com a dedicação que ela (ou ele) merecia, isso foi escolha, não imposição. Pelo menos na classe média. Se perseguiram a carreira e agora se sentem sozinhas, também isso foi resultado de escolha. O segundo filho, o casamento tedioso, a solidão apavorante: tudo decorre das escolhas. O amor que arrebata também. A família feliz também. A estabilidade. A luta na trincheira do lar. O que não é escolha é azar, como o abandono. Ou sorte, que também existe.

Assim tem vivido a minha geração. Ela fez e faz escolhas dentro daquilo que Brecht chamava de “o tempo que nos foi dado viver”. E eu acho que esse tempo tem beneficiado mais os homens que as mulheres. E, dentre as mulheres, tem beneficiado mais aquelas que fizeram opções mais conservadoras. Ainda é arriscado para as mulheres viver com a liberdade dos homens. O custo dos erros e dos azares não é o mesmo. E, ao longo do tempo, vai se tornando mais alto para as mulheres. Esse é o tema de Houllebecq. Homens não engravidam e raramente ficam com os filhos. Homens viajam mais leve pela vida e pelo mundo do trabalho. Homens (ainda) não dependem tão fundamentalmente da juventude e da beleza. Usufruem mais do mundo e por mais tempo. Estão mais bem aparelhados para viver o cada-um-pra-si do planeta egoísmo.

A que isso nos leva? A uma segunda revolução dos costumes, eu acho. Na primeira, quarenta anos atrás, homens e mulheres ficaram “iguais”. Na segunda, talvez a gente descubra que as mulheres – as mães dos nossos filhos – precisam de um grau adicional de proteção social, de lealdade afetiva e de celebração nas suas funções tradicionais. Sem hierarquias. Sem “ordem natural” masculina. Gente com poder igual, mas com necessidades diferentes.

Em 1875, descrevendo uma utopia, Karl Marx escreveu que a sociedade ideal deveria dar às pessoas de acordo com as sua necessidade e receber delas de acordo com a sua capacidade. Talvez muitas mulheres estejam dando mais do que deveriam e recebendo menos do que precisam, em vários terrenos. Talvez por isso as pesquisas mostrem que elas estão cada vez mais tristes. Talvez por isso a minha amiga esteja destroçada. A simpática barbárie de costumes em que vivemos nos últimos anos pode não ser um bom ambiente para moças de família. Ou para as moça construírem direito suas famílias.

(Ivan Martins escreve às quartas-feiras.)

sábado, outubro 17, 2009

No air

Paparazzi - lady gaga

Paparazzi
Paparazzi
We are the crowd, we're co-coming out
Nós somos o público, nós estamos che-chegando
Got my flash on it's true, need that picture of you
Liguei meu flash, é verdade, preciso daquela sua foto
It's so magical, we'd be so fantastical
Isso é tão mágico, nós seriamos tão fantásticos, oh
Leather and jeans, garage glamorous
Couro e Jeans, seu olhar glamuroso
Not sure what it means, but this photo of us
Não tenho certeza do que isso significa, mas essa foto nossa
It don't have a price, ready for those flashing lights
Não tem preço, pronta para aqueles flashes
'Cause you know that, baby, I...
Porque você sabe, baby, que eu...
I'm your biggest fan, I'll follow you until you love me
Eu sou sua maior fã , vou te seguir até que você me ame
Papa-Paparazzi
Papa-Paparazzi
Baby there's no other superstar, you know that I'll be
Baby não há outra superstar, você sabe que eu serei sua
Papa-Paparazzi
Papa-Paparazzi
Promise I'll be kind, but I won't stop until that boy is mine
Prometo que serei gentil, mas não vou parar até que aquele garoto seja meu
Baby, you'll be famous, chase you down until you love me
Baby você será famoso, te perseguirei até você me amar
Papa-paparazzi
Papa-Paparazzi
I'll be your girl backstage at show
Serei sua garota no backstage do seu show
Velvet ropes and guitars, yeah, 'cause you're my rockstar
Cordões de veludo e guitarras, yeah, porque você é minha estrela do rock
In between the sets, eyeliner and cigarettes
Entre os sets, delineador e cigarros
Shadow is burnt, yellow dance and return
Sombra está queimada, dança amarela e retorno
My lashes are dry, purple teardrops I cry
Meus cílios estão secos, lágrimas roxas eu choro
It don't have a price, loving you is Cherry Pie
Isso não tem um preço, te amar é uma delícia
'Cause you know that, baby, I...
Porque você sabe, baby, que eu...
I'm your biggest fan, I'll follow you until you love me
Eu sou sua maior fã, vou te seguir até que você me ame
Papa-Paparazzi
Papa-Paparazzi
Baby there's no other superstar, you know that I'll be
Baby não há outra superstar, você sabe que eu serei sua
Papa-Paparazzi
Papa-Paparazzi
Promise I'll be kind, but I won't stop until that boy is mine
Prometo que serei gentil, mas não vou parar até que aquele garoto seja meu
Baby, you'll be famous, chase you down until you love me
Baby você será famoso, te perseguirei até você me amar
Papa-paparazzi
Papa-Paparazzi
Real good, we're dancing in the studio
Realmente bom, estamos dançando no estúdio
Snap, snap to that shit on the radio
Pare-parado, aquela merda no rádio
Don't stop, for anyone
Não pare, para ninguém
We're plastic but we still have fun
Vamos explodir isso mas continuamos nos divertindo
I'm your biggest fan, I'll follow you until you love me
Eu sou sua maior fã, vou te seguir até que você me ame
Papa-Paparazzi
Papa-Paparazzi
Baby there's no other superstar, you know that I'll be
Baby não há outra superstar, você sabe que eu serei sua
Papa-Paparazzi
Papa-Paparazzi
Promise I'll be kind, but I won't stop until that boy is mine
Prometo que serei gentil, mas não vou parar até que aquele garoto seja meu
Baby, you'll be famous, chase you down until you love me
Baby você será famoso, te perseguirei até você me amar
Papa-paparazzi
Papa-Paparazzi

Você ainda tem sangue para eles?


Ponha a culpa na escritora americana Stephenie Meyer, autora da saga Crepúsculo. Seu sucesso – nos livros e no cinema – tirou dos túmulos os vampiros de The vampire diaries, série que estreará no dia 22 na Warner. A premissa da trama – o romance entre um vampiro e uma humana no colegial – é igualzinha à do casal Bella e Edward no primeiro capítulo de Crepúsculo. Curiosamente, os livros de L.J. Smith que originaram Vampire diaries começaram a ser publicados 14 anos antes de Stephenie Meyer iniciar sua saga.
Mesmo tendo nascido depois, o crepúsculo de Meyer é a aurora da nova série televisiva. Não fosse o sucesso de sua adaptação para o cinema, em 2008, dificilmente teriam saído das sombras produções vampirescas que vão do cult, como Deixa ela entrar, ao humor, a exemplo de Matadores de vampiras lésbicas, que estreará no dia 30. Nem na televisão The vampire diaries é a primeira a chegar. Ela terá de disputar espaço com a série True blood, baseada nos romances da escritora Charlaine Harris, em que um sangue sintético parece aumentar ainda mais o sex appeal dos mortos-vivos.
Em comum, as duas séries e a saga de Meyer têm a sensualidade e, com a descoberta de fontes de alimentação diferentes do pescoço humano, o surgimento de um tipo que agradou ao público: o vampiro bom moço.
“Crepúsculo é uma grande metáfora da abstinência”, diz Julie Plec, corroteirista do programa, lembrando que ali um vampiro poderia machucar a namorada humana durante o ato sexual. Kevin Williamson, também corroteirista de Vampire diaries e autor do filme Pânico e da série adolescente Dawson’s creek, completa: “E nós definitivamente teremos sexo”. Williamson não quer dizer com isso que The vampire diaries terá cenas picantes na mesma frequência e intensidade que True blood, mas, assim como em Dawson’s creek, esse será um assunto abordado pela trama de maneira mais livre e real.
A narrativa começa quando a adolescente Elena Gilbert (Nina Dobrev) conhece Stefan (Paul Wesley), que, como ela, é órfão e mantém um diário. Os dois se apaixonam, mas o romance mestiço é abalado pelos crimes que assombram a cidade onde os dois vivem e pela presença do irmão mais velho de Stefan. Damon (Ian Somerhalder) pretende com todas as forças seduzir Elena e infernizar a vida do irmão – tudo parte de uma rixa entre os dois que já dura mais de um século.
Se Stephenie Meyer sugou mesmo o sangue da saga de L.J. Smith, foi um plágio benfazejo. Certamente The vampire diaries continuaria apenas como um sucesso da literatura jovem dos anos 1990 não fosse Crepúsculo. Com a produção da série, os livros de L.J. Smith voltaram à lista dos mais vendidos, e o episódio da série deu ao canal americano CW sua maior audiência em uma estreia, com quase 5 milhões de espectadores. Para Julie Plec, o sucesso vem principalmente de uma cultura jovem que, já faz algumas décadas, se acostumou a acompanhar séries que falam de sua geração, como Barrados no baile, no começo dos anos 1990. “Além dos vampiros, temos, em nosso programa, o que Dawson’s creek, de Williamson, apresentou no fim dos anos 1990: a cultura adolescente da atualidade, o amor jovem e a amizade leal.”

Os versículos satânicos de saramargo

O novo romance de José Saramago, Caim (Companhia das Letras, 176 páginas, R$ 36), já chega aos sites e às livrarias abençoado pela mais eficiente estratégia de marketing: a controvérsia religiosa. O livro inocenta o fratricida Caim e transfere a culpa a Deus. Nada mais lucrativo que irritar sacerdotes. É um hábito arraigado de Saramago, intelectual português de 86 anos que professa a fé marxista desde quase bebê.
Ele não perde a ocasião para botar lenha na fogueira verbal da Inquisição, para nela arder gostosamente. Na quarta-feira dia 14, em Roma, onde participou de um colóquio, Saramago chamou Josef Ratzinger, o papa Bento XVI, de cínico: “Que Ratzinger tenha a coragem de invocar Deus para reforçar seu neomedievalismo universal, um Deus que jamais viu, com o qual nunca se sentou a tomar um café, demonstra apenas o absoluto cinismo intelectual da personagem”. A declaração bombástica serviu como pré-lançamento de Caim.
O livro marca a volta do autor à pregação ateísta, agora que o gênero está em moda, com os ensaios de Richard Dawkins e Daniel Dennett. A vantagem de Saramago sobre esses pensadores é artística: o ficcionista diverte com suas histórias e pilhérias. Em 1991, ele arrancou o filho de Deus da cruz e o trouxe de volta ao chão com o romance O evangelho segundo Jesus Cristo. A Igreja Católica protestou contra a livre interpretação do Novo Testamento feita por Saramago. Sete anos depois, ele ganharia o Prêmio Nobel de Literatura.
Caim reflete a fase tardia do escritor. Trata-se do décimo sexto livro de ficção de sua carreira, iniciada em 1947 com o romance Terra do pecado. Hoje, o escritor goza da liberdade da “pós-existência” que ele decretou há dois anos, quando descobriu que estava com câncer. De lá para cá, abriu e fechou um blog (O caderno, lançado em livro) e resolveu falar o que pensa, como se todo o ruído que produzira antes não houvesse bastado. O resultado está no romance A viagem do elefante, de 2008, e agora em Caim: a narração ganhou em sarcasmo, erotismo e crueza. O autor se despiu do costumeiro barroquismo para adotar a forma direta do relato de viagem, sem desviar das cenas de sexo e da brutalidade.
Caim é um livro que tanto faz rir quanto pode provocar indignação em almas religiosas. A narrativa se organiza como uma novela de andanças no espaço-tempo. O personagem-título viaja em zigue-zague por episódios do Velho Testamento, dos Jardins do Éden à Arca de Noé, visitando a destruição de Sodoma e Gomorra, os sofrimentos de Jó, o Bezerro de Ouro e a Torre de Babel.
A história é conhecida: Caim matou o irmão Abel por ciúme de Deus, que aceitou a oferenda deste e desprezou a daquele. O assassino é estigmatizado por um sinal na testa e condenado por Deus a viver e errar mundo afora. Em vez do apólogo moral, o narrador expõe com sarcasmo as reações do anti-herói às atrocidades divinas. A história corre ao ritmo dos ataques de Caim a Deus – nomes que Saramago grafa com minúsculas. Caim se diverte como um pícaro. Trai, mata e faz sexo com todas as mulheres que encontra. Vira amante da rainha Lilith e não poupa nem a idosa mulher de Noé, com quem se acasala na Arca. Tudo é possível, pois o culpado é Deus – ou melhor, “deus”.
O leitor pode ouvir a risada rude do camponês nascido no Ribatejo acostumado à prática da blasfêmia em trechos como este diálogo em que Caim responde ao desprezo de Deus: E tu quem és para pores à prova o que tu mesmo criaste, Sou o dono de todas as coisas, E de todos os seres, dirás, mas não de mim nem da minha liberdade, Liberdade para matar, Como tu foste livre para deixar que eu matasse a Abel quando estava na tua mão evitá-lo, bastaria que por um momento abandonasses a soberba da infalibilidade que partilhas com todos os outros deuses, bastarias que por um momento fosses realmente misericordioso, que aceitasses a minha oferenda com humildade, só porque não deverias atrever-se a recusá-la, os deuses, e tu como todos os outros, têm deveres para com aqueles a quem dizem ter criado. Os versículos satânicos de Saramago são uma prova de seu atual bom humor. Se fosse filmado, Caim soaria tão sacrílego e quase tão hilariante quanto um velho filme da trupe Monty Python. Saramago finalmente abraçou o seu tempo.

Por que as mulheres são tão tristes?

A queda da satisfação feminina
Um estudo americano de 37 anos ilumina um terrível paradoxo: objetivamente, a vida das mulheres
Martha Mendonça. Colaborou Fernanda Colavitti

CANSADA A redatora de TV Claudia, em sua casa, no Rio. “A emancipação feminina é um contrato que tem de ser renegociado”
O ano em que a redatora de televisão carioca Claudia Valli nasceu, 1963, foi marcado pelo lançamento de A mística feminina. O livro históricor de Betty Friedan alardeava a frustração feminina por ter apenas os papéis de esposa e mãe e foi um marco no movimento pela emancipação das mulheres. Hoje, prestes a completar 46 anos, Claudia olha sua própria vida e questiona essas conquistas. Ela trabalha oito horas por dia e administra a casa onde mora com os três filhos – um casal de adolescentes, de seu primeiro casamento, e um menino de 9 anos, do segundo. Tem empregada apenas duas vezes por semana e uma ajuda “relativa” dos ex-maridos. Raramente dorme mais que quatro horas por noite, já que muitas vezes precisa adiantar trabalho de madrugada, além de monitorar o caçula, que é diabético. Na mesa de cabeceira da cama, uma pilha de livros comprados e não lidos. Na mente, a preocupação com os quilos a mais e a falta de tempo para fazer qualquer tipo de exercício. Claudia está sozinha desde a última separação, há cinco anos, e diz que um namorado, agora, seria mais um motivo de estresse. “A emancipação feminina é como um contrato que foi assinado sem ter sido lido direito e que agora precisa ser renegociado”, diz ela. “A vida tornou-se um show que não pode parar.” Antes de dar entrevista a ÉPOCA, Claudia passou no supermercado para comprar pão, leite e banana. Depois de feitas as fotografias, preocupou-se em não parecer mais velha do que é: “Dá para melhorar com Photoshop?”.
Longe de ser uma anomalia, a insatisfação de Claudia com a própria vida é a mesma de milhões de outras mulheres mundo afora. Um estudo de Betsey Stevenson e Justin Wolfers, pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, mostra um surpreendente e acentuado declínio da satisfação feminina nas últimas três décadas – período durante o qual cresceram de forma exponencial as oportunidades de trabalho, as possibilidades de educação e, sobretudo, a liberdade da mulher de decidir sobre a própria existência, prática e afetiva. É possível afirmar, sem nenhum traço de dúvida, que as condições objetivas nunca foram tão favoráveis às mulheres desde o início da história humana. Entretanto, entrevistas anuais realizadas com 1.500 pessoas, homens e mulheres, desde 1972, nos Estados Unidos, mostram um cenário de crescente insatisfação subjetiva. A cada ano que passa, menos mulheres se dizem felizes com a própria vida, enquanto um porcentual cada vez maior de homens afirma estar contente. Isso acontece com mulheres casadas e solteiras, com e sem filhos, bem ou mal empregadas, brancas ou negras, pobres e ricas. A insatisfação atinge todos os grupos e se torna pior à medida que as mulheres envelhecem. Quando jovens, elas se dizem mais realizadas que os homens. Pouco depois dos 40, isso já se inverteu. “A tendência é clara, se manifesta em pesquisas realizadas no mundo inteiro, e vai na direção contrária à que nós poderíamos imaginar”, afirma Marcus Buckingham, especialista em pesquisas e autor de diversos livros sobre macrotendências sociais.
As razões dessa melancolia de gênero são difíceis de apontar com precisão. O estudo, assim como Claudia, tende a enxergar no acúmulo de velhas tarefas e novas responsabilidades a causa dos dissabores femininos. “A vida das mulheres ficou mais complexa e sua infelicidade atual reflete a necessidade de realização em mais aspectos da vida, se comparados aos das gerações anteriores”, dizem Stevenson e Wolfers. “As mulheres foram para a rua, mas mantiveram a responsabilidade emocional pela casa e pela família.” É o pesadelo da dupla jornada, física e emocional, que exaure as mulheres e destrói casamentos.
O problema com essa explicação, bastante óbvia, é que ela ignora a realidade estatística: nos países desenvolvidos, homens e mulheres trabalham o mesmo número total de horas diárias, cerca de 7,9. Os homens fazem 5,2 horas de trabalho pago e 2,7 horas de trabalho doméstico, em média. As mulheres fazem 3,4 horas de trabalho externo e 4,5 horas de trabalho doméstico. Uma pesquisa realizada em 25 países sugere que apenas em locais como Benin e África do Sul as mulheres trabalham muito mais horas por dia.

Outro fator que não ajuda a tese da sobrecarga é que a divisão das tarefas domésticas melhorou sensivelmente nas últimas décadas. Entre 1975 e 2008, o número de horas dedicadas ao trabalho doméstico pelas mulheres caiu de 21 para 17 por semana, enquanto a participação masculina cresceu de seis horas para 13 horas semanais. A mesma tendência se revela nas horas que pais e mães passam com as crianças. Logo, se a divisão de tarefas não é perfeita, ela vem melhorando ano a ano, ao contrário do estado de espírito das mulheres, que só piora. Diz Buckingham: “A infelicidade não parece ser uma questão de horas de trabalho ou de atitude. E a desigualdade em relação ao trabalho doméstico está desaparecendo. Onde está a explicação?”.
Na tentativa de entender, o estudo americano ressalta a extrema valorização da beleza e da juventude em nosso tempo, que afeta mais as mulheres que os homens. Enquanto elas aumentam seu nível de estresse com cosméticos e tratamentos estéticos e cirúrgicos, os homens muitas vezes ficam atraentes com a maturidade. Aos 50, quando as mulheres já deixaram para trás a possibilidade de reprodução, homens grisalhos começam novas famílias e viram pais. Eles podem ser charmosos à maneira de Sean Connery ou bonitos ao estilo José Mayer. Mas das mulheres se espera que continuem depois dos 40 com a aparência que tinham aos 20 anos. “Não adianta mostrar fotos de Sofia Loren maravilhosa aos 75 anos. O fato é que as mulheres envelhecem mais rápido que os homens, e a maioria de nós se incomoda com isso”, escreveu a articulista Penny Vincenzi, do jornal britânico Daily Mail, comentando as angústias femininas captadas pelo estudo. “Eu sou uma mulher abençoada com uma família grande e feliz, mas, ainda assim, me preocupo diariamente com as pelancas do braço e as rugas do rosto, que se multiplicam à velocidade da luz.”
O publicitário paulistano Jaime Troiano faz pesquisas periódicas sobre a mulher brasileira e diz não se surpreender com o crescimento da insatisfação. A multiplicação dos papéis que elas encarnam, ele afirma, pode ser vista claramente na propaganda. “Ao longo do tempo, a mulher tem se tornado alvo de mais mercados. Isso quer dizer que ocupa cada vez mais espaços na sociedade”, diz. Um estudo recente de sua empresa de consultoria mostrou o abismo entre a forma como ela se vê e a mulher que ela idealiza ser. “A maioria se diz simpática, confiável, sincera ou carinhosa, mas gostaria de ser informada, decidida, criativa ou corajosa”, afirma. “Elas querem ser poderosas, criam expectativas de todo tipo, mas ainda veem seu eu real ligado a características historicamente femininas. Isso causa angústia.”
Não se trata, aparentemente, de uma crise objetiva, que demande medidas concretas para sua reversão. Parece, antes, uma crise existencial das mulheres. Depois de quatro décadas de mudanças trepidantes, elas talvez precisem resolver que mundo desejam para si mesmas e que papel gostariam de exercer nesse mundo. Enquanto isso não se esclarece, testam, experimentam e, como mostram as pesquisas, sofrem. “O feminismo funciona em ondas”, diz a psicanalista gaúcha Diana Corso, estudiosa do universo feminino e autora do livro A fada no divã. Diana diz que vivemos o “refluxo” da euforia das décadas de 70 e 80, quando as mulheres se libertaram sexualmente e ingressaram com força no mercado de trabalho. “A mulher que emerge desse momento almeja muita coisa: quer ser a melhor mãe, ter uma carreira maravilhosa e um corpo belo e jovem que produza muitos orgasmos”, afirma a psicanalista. “A mulher emancipada ainda é uma novidade social. Como todo novato, exagera na cobrança das realizações. Não se pode estar plenamente satisfeita em tudo.”
A terapeuta corporal paulistana Olga Torres é bom exemplo das ambiguidades do mundo feminino. Aos 35 anos, ela admite que não descobriu os caminhos que a farão feliz. Casou-se aos 20 anos e, por uma década, preferiu cuidar apenas da casa. Com o tempo, sentiu que precisava trabalhar. Arrumou um emprego e voltou a estudar. A mudança na vida a dois acabou minando seu casamento. Agora vive a experiência inversa: realizada no trabalho, sente falta de ter uma família. E filhos. “Sei que eu não me contento com pouco. Não quero um homem qualquer, mas alguém que seja companheiro e, desta vez, entenda que minha carreira é fator de realização”, diz. Ela admite, também, que as mulheres ainda não sabem o que fazer com tantas opções. “A liberdade de escolha traz um peso enorme.”
Os homens sabem disso há muito tempo. A liberdade masculina, através dos séculos, sempre teve como contrapartida uma carga elevada de responsabilidade e angústia. Isso talvez explique por que os homens brasileiros vivem, em média, sete anos a menos que as mulheres. Ser dono de si, chefe da família, chefe no trabalho ou líder do país são tarefas estressantes – às quais se somam angústias e insatisfações íntimas, que têm de ser relegadas em nome do resto. Essas são contradições e dificuldades que as mulheres começaram a vivenciar apenas nas últimas décadas.
Será que os conservadores, que sempre atacaram o feminismocomo antinatural, teriam razão?
Tema de reportagem do New York Times no dia 20 do mês passado, o paradoxo da infelicidade feminina ficou semanas entre as mais lidas e comentadas da versão on-line do jornal americano. “Será que a emancipação feminina beneficiou mais os homens que as mulheres?”, escreveu a colunista Maureen Dowd, conhecida por suas posições antifeministas. Indo mais longe, se poderia perguntar: será que os conservadores, que sempre denegriram o feminismo como antinatural, teriam razão? Será que as mulheres seriam mais felizes se retornassem ao papel tradicional de mãe e esposa? O assunto dividiu opiniões no blog de ÉPOCA Mulher 7x7. “Estou cansada? Culpada pela pouca atenção aos filhos? Sim. Sempre querendo ser a melhor no trabalho e também cuidar da beleza? Sim. Mas ainda assim prefiro a liberdade”, escreveu a leitora Carolina. Outra leitora, Andréa, pensa diferente: “Ao mesmo tempo que nossos direitos se multiplicaram, como acesso à educação, voto, mercado de trabalho, nossas responsabilidades cresceram exponencialmente. Temos de gerenciar casa, carreira, filhos, marido e ainda ser magras, cultas e sexy. Isso é irreal”.
Outros estudos recentes mostram sob outro ângulo o “cansaço” feminino. Na semana passada, o Centro de Estudos Políticos da Grã-Bretanha apresentou uma pesquisa sobre mulheres e trabalho: apenas 12% das 4.600 entrevistadas disseram querer trabalhar o dia todo; 31% declararam que não gostariam de trabalhar fora; 49% das mulheres com filhos de menos de 5 anos disseram que, se o marido trabalha, elas gostariam de ficar em casa. Essa é apenas mais uma de dezenas de pesquisas que apontam para um desejo de “volta ao lar”. De acordo com o censo americano, a participação de mulheres casadas, com filhos, na força de trabalho do país caiu de 59% em 1998 para 55% em 2004, quando vinha em linha crescente nos 22 anos anteriores. Cerca de 5,6 milhões de mulheres ficaram em casa com seus filhos em 2005 – 1,2 milhão a mais que em 1995.
No livro The feminine mistake (O erro feminino, no original uma alusão a The feminine mystique, de Betty Friedan), a jornalista americana Leslie Bennetts, editora da revista Vanity Fair, conclama as mulheres a fugir do que considera um retrocesso histórico. Apresentando argumentos e pesquisas, além de relatos, ela defende a importância do desenvolvimento da mulher como indivíduo à parte da vida doméstica, algo que só se consegue por meio do trabalho e da independência financeira. “Se as novas gerações não acreditam que as mães que trabalham são bons modelos, devem rever seu julgamento”, afirma. “Ter uma família e trabalhar não dará um resultado perfeito, mas é o melhor que se pode ter.” Equilibrar papéis sociais e expectativas parece ser a chave para que as mulheres possam retornar ao caminho da felicidade. Para isso, no entanto, é preciso aceitar a imperfeição. Da vida e da condição humana.

quarta-feira, outubro 14, 2009



sexta-feira, outubro 09, 2009

Filósofo francês - Paul-Michel Foucault


Nascido em uma família tradicional de médicos, Michel Foucault frustrou as expectativas de seu pai, cirurgião e professor de anatomia em Poitiers, ao interessar-se por história e filosofia. Apoiado pela mãe, Anna Malapert, mudou-se para Paris em 1945 e antes de conseguir ingressar na École Normale da rue d´Ulm, foi aluno do filósofo Jean Hyppolite, que lhe apresentou à obra de Hegel.
Em 1946 conseguiu entrar na École Normale. Seu temperamento fechado o fez uma pessoa solitária, agressiva e irônica. Em 1948, após uma tentativa de suicídio, iniciou um tratamento psiquiátrico. Em contato com a psicologia, a psiquiatria e a psicanálise, leu Platão, Hegel, Marx, Nietzsche, Husserl, Heidegger, Freud, Bachelard, Lacan e outros, aprofundando-se em Kant, embora criticasse a noção do sujeito enquanto mediador e referência de todas as coisas, já que, para ele, o homem é produto das práticas discursivas.
Dois anos depois, Foucault se licenciou em Filosofia na Sorbone e no ano seguinte formou-se em psicologia. Em 1950 entrou para o Partido Comunista Francês, mas afastou-se devido a divergências doutrinárias.
No ano de 1952 cursou o Instituto de Psychologie e obteve diploma de Psicologia Patológica. No mesmo ano tornou-se assistente na Universidade de Lille. Foucault lecionou psicologia e filosofia em diversas universidades, na Alemanha, na Suécia, na Tunísia, nos Estados Unidos e em outras. Escreveu para diversos jornais e trabalhou durante muito tempo como psicólogo em hospitais psiquiátricos e prisões.
Viajou o mundo fazendo conferências. Em 1955, mudou-se para Suécia, onde conheceu Dumézil. Este contato foi importante para a evolução do pensamento de Foucault. Conviveu com intelectuais importantes como Jean-Paul Sartre, Jean Genet, Canguilhem, Gilles Deleuze, Merlau-Ponty, Henri Ey, Lacan, Binswanger, etc.
Aos 28 anos publicou "Doença Mental e Psicologia" (1954), mas foi com "História da Loucura" (1961), sua tese de doutorado na Sorbone, que ele se firmou como filósofo, embora preferisse ser chamado de "arqueólogo", dedicado à reconstituição do que mais profundo existe numa cultura - arqueólogo do silêncio imposto ao louco, da visão médica ("O Nascimento da Clínica", 1963), das ciências humanas ("As Palavras e as Coisas", 1966), do saber em geral ("A Arqueologia do Saber", 1969).
Esteve no Brasil em 1965 para conferência à convite de Gerard Lebrun, seu aluno na rue d'Ulm em 1954. Em 1971 ele assumiu a cadeira de Jean Hyppolite na disciplina História dos Sistemas de Pensamento. A aula inaugural foi "a Ordem do discurso".
A obra seguinte, "Vigiar e Punir", é um amplo estudo sobre a disciplina na sociedade moderna, para ele, "uma técnica de produção de corpos dóceis". Foucault analisou os processos disciplinares empregados nas prisões, considerando-os exemplos da imposição, às pessoas, e padrões "normais" de conduta estabelecida pelas ciências sociais. A partir desse trabalho, explicitou-se a noção de que as formas de pensamento são também relações de poder, que implicam a coerção e imposição.
Assim, é possível lutar contra a dominação representada por certos padrões de pensamento e comportamento sendo, no entanto, impossível escapar completamente a todas e quaisquer relações de poder. Em seus escritos sobre medicina, Foucault criticou a psiquiatria e a psicanálise tradicionais.
Deixou inacabado seu mais ambicioso projeto, "História da Sexualidade", que pretendia mostrar como a sociedade ocidental faz do sexo um instrumento de poder, não por meio da repressão, mas da expressão. O primeiro dos seis volumes anunciados foi publicado em 1976 sob o título "A Vontade de Saber".
Em 1984, pouco antes de morrer, publicou outros dois volumes: "O Uso dos Prazeres", que analisa a sexualidade na Grécia Antiga e "O Cuidado de Si", que trata da Roma Antiga. Foucault teve vários contatos com diversos movimentos políticos. Engajou-se nas disputas políticas nas Guerras do Irã e da Turquia. O Japão é também um local de discussão para Foucault. Várias vezes esteve no Brasil, onde realizou conferências e firmou amizades. Foi no Brasil que pronunciou as importantes conferências sobre "A Verdade e as Formas Jurídicas", na PUC do Rio de Janeiro.
Os Estados Unidos atraíram Foucault em função do apoio à liberdade intelectual e em função de São Francisco, cidade onde Foucault pode vivenciar algumas experiências marcantes em sua vida pessoal no que diz respeito à sua homossexualidade. Berkeley tornou-se um pólo de contato entre Foucault e os Estados Unidos.Em 25 junho de 1984, em função de complicadores provocados pela AIDS, Foucault morreu aos 57 anos, em plena produção intelectual.

Obama ganha Nobel da Paz

Escolha pelo presidente dos Estados Unidos, uma surpresa, foi justificada pela luta dele para a redução do arsenal nuclear no mundo e por sua diplomacia multilateral
REDAÇÃO ÉPOCA

PRESTÍGIO Thorbjoern Jagland, presidente do Comitê Nobel da Noruega, segura uma foto de ObamaO presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de 48 anos, é o ganhador do Prêmio Nobel da Paz deste ano. O anúncio do vencedor ocorreu nesta sexta-feira (9), em Oslo (Noruega). A escolha surpreendeu a Casa Branca. Obama, que está a menos de um ano no poder, foi acordado por um telefonema, de madrugada, do porta-voz da presidência, Robert Gibbs, que lhe deu a notícia da premiação. O Comitê do Nobel justificou o prêmio a Obama pelo trabalho do presidente dos EUA para reduzir o estoque mundial de armas nucleares e afirmou que ele criou um "ambiente novo para a política internacional". "Graças a seus esforços, a diplomacia multilateral recuperou sua posição central e devolveu às Nações Unidas e outras instituições internacionais seu papel protagonista", disse a entidade. Segundo o comitê, Obama conseguiu atrair a atenção do mundo e dar esperanças a "seu povo de um mundo melhor". "A visão de um mundo sem armas nucleares estimulou o desarmamento e as negociações para o controle de armamento. Graças à iniciativa de Obama, os Estados Unidos estão desempenhando um papel mais construtivo para fazer frente aos desafios da mudança climática que enfrenta o mundo", afirmou. Obama é o terceiro presidente dos EUA em exercício a ganhar o Nobel da Paz. Theodore Roosevelt conquistou o prêmio em 1906 e Woodrow Wilson, em 1919. O ex-presidente Jimmy Carter ganhou a homenagem em 2002, por seu trabalho como mediador. E, em 2007, o ex-vice-presidente Al Gore, também democrata, foi o vencedor pela luta contra a mudança climática.

quarta-feira, outubro 07, 2009

Fotos no mínimo interessantes...kkk
















Reflexão

A internet é mesmo uma vilã..me fez te conhecer, mas não te deixou pra mim, perto de mim. Só dentro de mim.

Eu tenho que te dizer que foi através de seus emails que criei um senso crítico e analítico sobre as plavras. Cada palavra teve sempre sentidos ambíguos, subentendidos ou pressupostos. Uma verdadeira loucura. Isso é até bom para a argumentação jurídica, mas prefiro a simplicidade das plavras que dizem realmente o que querem ser ditas. Algo simples e preciso. Ou é ou não é, "ser" ao invés do "dever ser".

Com você eu nunca sei se é fim, meio ou o começo. É tudo tão surreal! Mas se me perguntar se eu prefiro a "normalidade" das coisas e pessoas, te digo que não, sem pestanejar. O que é óbvio demais perde sua graça. O imprevísivel, inimaginável é o que move a vida, as vontades, a curiosidade. O sonho do porto seguro é almejado com esmero, mas se alcançado vira caos, rotina.

Acho que fazer parte da vida de alguém não basta apenas saber que essa pessoa existe, tem que vivenciar coisas com ela, tem que ter lágrimas e gargalhadas, festas e velórios. Tem que ter história, tem que ter verdade. Tudo é substituível. Quase nada mais tem valor de fato ou alguma importância que valha a pena lutar por ela. O sentimentos, na verdade são ilusórios, são criados e mortos em frações de momentos que sequer são medidos. Tudo perde a graça tão rápido.

Acabei de ver uma matéria na sua revista que diz justamente o contrário, a cada dia mais as pessoas preferem o contato virtual ao pessoal. Um dia, penso eu, elas nem vão saber o que é um beijo, um carinho, sentir o coração bater forte por alguém, sentir o cheiro de alguém, um arrepio... não quero mesmo viver até lá. Nasci no século passado. rs

terça-feira, outubro 06, 2009

Keninha


Pois bem, devido à grande pressão psicológica e força bruta, aqui está a rainha do coração de Ender, o insano...kkkkk
Brincadeiras a parte, ela é legal e mereceu seu espaço aqui no meu bloguinho...ainda está em fase de avaliação como melhor amiga...quem sabe daqui a um ano tudo pode mudar....
Mas....ratifico aqui que ela é super 10. Olha só a foto da mulher....gostosa não, né?rs ( não sou lésbica, foi só uma ajuda em sua alto estima).
Beijo linda



Se ter uma barriguinha saliente é sinônimo de ser considerada gorda...ai de mim!!


Os padrões de beleza no mundo editorial da moda estão em xeque, e as modelos esquálidas parecem estar com os dias contados. Pelo menos nas páginas de duas importantes revistas. A americana "Glamour" e a alemã "Brigitte" anunciaram nesta segunda-feira que suas modelos serão mais próximas do "real".

A revista "Glamour" trará em sua capa de novembro sete modelos nuas acima do peso - pelo menos para os padrões das passarelas. A publicação americana já havia feito sucesso em sua edição de setembro ao colocar a foto de uma modelo com a barriguinha à vista, a americana Lizzie Miller, 20 anos.

Já a "Brigitte", revista feminina mais popular na Alemanha, anunciou que não vai mais exibir modelos profissionais em suas páginas, substituindo-as por mulheres "comuns". A publicação alega que, ao estampar figuras magérrimas, acabou se distanciando de suas leitoras.
Na Semana de Moda de Milão, a adoção de padrões "acima das medidas" já não é novidade. Especialista em roupas de tamanhos maiores, Elena Mirò sempre apresenta suas coleções na fashion week italiana com modelos "plus size".

O desfile mais recente da estilista, ocorrido no dia 23 de setembro, contou justamente com a presença de Lizzie Miller, a mesma que causou polêmica - e também recebeu muitos elogios - ao exibir nas páginas da "Glamour" os "pneuzinhos" salientes.

segunda-feira, outubro 05, 2009

Móveis

Eu não entendo muitas coisas da vida.
Eu desde criança tive muitas mudanças de casas e rotinas. A cada seis meses era uma escola diferente, uma casa diferente, vizinhos diferentes...tudo diferente.
Tinha vezes que a casa era pequena demais e nós tínhamos móveis demais. Outras vezes era o contrário. Alguns móveis ficaram ao longo da minha infância e adolescência, outros se foram, mas ainda existem em fotos elembranças.


Assim como os móveis e todas as casas que eu morei, sejam elas grandes ou pequenas, foram as pessoas na minha vida. Posso dizer que fui uma pessoa de passagem por cada lugar por onde estive. Tive tantos amigos na vida, uns por pouco tempo e outros por alguns anos.


Sou da época das cartas, das fotos e cartões dentro de envelopes...dentro deles também tiveram palavras de amor, casamentos, namoros,bebês que nasceram, pessoas que morreram e muitas saudades. Guardei todas elas numa caixa bem grande por sinal. Muitas dessas pessoas que me escreveram se perderam com o tempo,fizeram novos amigos, têm filhos, moram em outros países e cidades e não tenho mais notícias, mas eu ainda me lembro delas, de cada uma, de cada nome e sei o quanto significaram para mim, para o meu crescimento.


Talvez eu tenha uma certa tristeza no olhar, mas não é pq são necessariamente tristes, acho que na verdade é saudade. Tive grandes momentos. Acho que a lição que a vida me ensinou é que nada na minha vida era pra durar muito tempo. Como eu disse, sou uma pessoa de passagem.


Eu não sei bem como você é, mas o que você me deixou ver fez com que se tornasse um desses "móveis" da minha vida. O que quero mesmo dizer é que já tive despedidas demais na vida e não quero que você saia ou que seja esquecido. Daí eu não entender você se afastar de mim. Eu já não quero mais que as pessoas se vão. Não tem porquê irem, o mundo é tão pequeno e nos esbarramos o tempo todo de alguma forma.

sexta-feira, outubro 02, 2009

Fotos







Fim de semana de novo...

Meus esforços foram em vão. Acabei não saindo com o Daniel e nem indo fazer a prova. Farei segunda chamada, é melhor assim, não sabia nada mesmo, mas pagar 45,00, puxa isso dói com força no meu bolso. O jeito agora é estudar hoje e no domingo...porque amanhã é dia de churrasco unificado do direito...já estou até vendo a quantidade de fotos que vai rolar no orkut da turma...
Nos vemos na segunda!

quinta-feira, outubro 01, 2009

Sono, muito sono!

Tirando umas duas horas de soneca no aconchego de dois braços quentes nesta noite de quarta para quinta, o que me resta é muito sono, muita coisa pra estudar e a possibilidade de uma outra noite de sono no enlace de um abraço aconchegante de um certo capitão de olhos azuis. Ai ai .
Pois bem, nem consegui terminar os meus fichamentos para hoje, de cinco, apenas consegui fazer dois, o maiores pelo menos. Depois do trabalho, pizzaria com a Suli, Kenia, Ender e Daniel. Comi bem. Depois, casa do Ender. Tentei, juro que tentei terminar os fichamentos. Foi em vão. Não me deixaram. :0
Cheguei em casa às 05:37 da manhã. Daniel estava a paisana, Ender já estava em seu fardamento completo. A alvorada já aconteceu e eles tem até as 06:40 para tomarem o café e irem paras os jogos de guerra. Nem acredito que voltei a esse universo militar de novo. Parece mesmo que o destino quer me avisar de alguma coisa. Ainda não sei o que pode acontecer. Vai saber!!!!
Claro que ao entrar em casa, minha mãe reclamou por eu não ter avisado onde estava. Que cabeça a minha de me esquecer de ligar. Agi mal. Assumo. Tomei banho, peguei minha pasta e terminei até as 08:00 mais um fichamento enorme. Tomei o café, arrumei a papelada e fui pra fafculdade. Onde está a Kênia. Tava louca pra perguntá-la como foi a noite com o Ender.rs.
Talvez hoje tenha repeteco.rs...vou ficar no aguardo. Tenho um monte de texto pra ler hoje no escritorio sobre a prova do Rogério amanhã cedo. Pesadelo essa semana de prova. Nem sei como eu me saí na prova de história do direito. A pasta entreguei só que consegui fazer...Cabe amim agora estudar feito louca para o segundo bimestre, porque este já está mais do que perdido.

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