terça-feira, abril 14, 2015

O homem perverso


 texto de   Simone Sotto Mayor http://www.riototal.com.br/feliz-idade/psicologia08.htm

Mas, afinal, do que estamos falando? O que é um indivíduo perverso e mais, o que estamos chamando de uma relação perversa? Os estudiosos do assunto definiram indivíduos perversos como sendo aqueles que, sob a influência de seu grandioso eu, tornam-se capazes de tentar criar sempre uma relação peculiar com uma segunda pessoa. Neste tipo de relação característica, o sujeito perverso ataca particularmente a integridade psíquica do outro, visando desarmá-lo e deixá-lo à sua mercê. Assim, são atacados igualmente o amor-próprio do outro, sua confiança em si, sua auto-estima e a crença em si próprio.

Todas as pessoas estão sujeitas a terem momentos de perversidade moral do tipo descrito em suas relações com os outros. A diferença é que os verdadeiros perversos só sabem se relacionar dessa maneira em todas as esferas de sua vida. Movidos por um egocentrismo extremado e uma total falta de empatia pelos outros, esses indivíduos ainda sentem uma enorme inveja dos que parecem possuir o que eles não têm ou daqueles que, simplesmente, têm prazer com a própria vida.

O perfil das vítimas também tem sido estudado dentro da vitimologia. Esta disciplina é recente e estuda o processo de vitimização, suas conseqüências para as vítimas e os direitos que elas possam vir a reivindicar.

Durante muito tempo, dizia-se que a vítima da pessoa perversa seria masoquista. Hoje em dia, entretanto, sabe-se que elas são pessoas bem dotadas, cheias de vitalidade e colaborativas. São seduzidas para se enredar numa relação destrutiva, justamente a partir de seu feitio doador. É desse feitio que o agressor tira partido, ao se apresentar como alguém a quem a vida lesou e que necessita muito de proteção e carinho. A maior vulnerabilidade das vítimas é que elas não se vêem como realmente são. Têm dúvidas quanto a sua própria capacidade. Isso faz com que criem para si o desafio de mudar o outro, provando assim sua força e seu valor.

Mas, será mesmo possível que o agressor consiga tudo isso, sem encontrar obstáculos? Certamente, pois existem inúmeras formas básicas e simples de desestabilizar o outro e o perverso as conhece muito bem. Ele sabe por exemplo que, para tal, basta rir das convicções e dos gostos do outro, deixar de lhe dirigir a palavra, ridicularizá-lo publicamente, denegri-lo diante dos demais, colocar em dúvida sua capacidade de avaliação e decisão. E assim por diante.

Assim, um processo de desqualificação de alguém geralmente leva anos, especialmente em relações familiares, onde os cônjuges e os filhos são as vítimas mais comuns. No início, não há palavras explícitas, apenas olhares de desprezo, alusões malévolas e críticas dissimuladas. Um dia vem o momento crucial, quando surgem as palavras. “Você é mesmo uma pessoa muito complicada”, diz, por exemplo, um pai a uma filha. Esta integra esse dado, e vai se anulando realmente. Ou seja, alguém torna nula sua própria identidade porque outro decretou o que ela era.

Durante muito tempo, a vítima, confusa, não compreende o que se passa com ela. Mas quando enfim se dá conta e resolve reagir, rompendo com o seu agressor, desperta a ira do perverso. E é aí que a violência se torna intensa, explícita e implacável. Alguns perversos passam a dedicar sua vida à tentativa de destruir o outro. Essas pessoas até podem parecer se ocupar de outros projetos, mas o único que realmente lhes importa é o de tentar destruir quem ousou lhes abandonar.

Mas como é levada a cabo tarefa tão ambiciosa? Bem, para tal é preciso que sejam criadas o maior número de mentiras acerca da idoneidade da vítima, que passa a ser a culpada de tudo o que aconteceu (de ruim) ou deixou de acontecer (de bom) ao agressor. É bom lembrar que o indivíduo perverso não experimenta o menor sentimento de culpa por agir assim, pois já vimos como ele é incapaz de sentir empatia ou compaixão por outro ser humano.

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