terça-feira, maio 05, 2015

Demência vascular

São vários os fatores que podem desencadear esse problema, mas alguns casos são reversíveisAlterações de comportamento, depressã​o, confusão mental e perda da capacidade de executar tarefas rotineiras. Às vezes tidos como inerentes à velhice, esses sinais jamais devem ser negligenciados, pois podem ser as primeiras ​manifestações de demência, distúrbio caracterizado pela perda progressiva das capacidades cognitivas.Vários fatores podem desencadear a demência. O mais conhecido – e temido – é o Alzheimer, que responde por mais de 50% dos casos. Associada à deterioração progressiva da memória, a doença evolui para outros prejuízos cognitivos, alterações de comportamento e incapacidades. Trata-se de um problema irreversível, tratado com medicamentos que permitem apenas desacelerar o processo.Mas há inúmeras outras causas de demência. Depois do Alzheimer, as demências vasculares são as mais prevalentes no Brasil e outros países em desenvolvimento. Associadas aos mesmos fatores de risco cardiovasculares (gordura, diabetes, colesterol, cigarro, sedentarismo etc.), elas derivam do comprometimento da circulação sanguínea no cérebro. O processo pode afetar diversas partes e funções do órgão.Agir sobre as causas do problema vascular é o caminho para estancar a evolução desse tipo de demência. No entanto, a área cerebral lesionada jamais se recupera. Os danos associados a ela permanecerão, podendo ser minimizados por meio de atividades de reabilitação, principalmente nas fases iniciais.

Medicamentos​
Não há drogas específicas para o tratamento das demências vasculares. Todavia, em vários casos, é comum o emprego das mesmas medicações usadas para o Alzheimer, que melhoram a disponibilidade do neurotransmissor acetilcolina no cérebro. Apesar de terem mecanismos etiológicos diferentes, a demência vascular e o Alzheimer apresentam deficits desse neurotransmissor, que funciona como peça fundamental na comunicação entre os neurônios.Nos estágios mais avançados, tanto as demências vasculares como o Alzheimer apresentam sintomas semelhantes. Mas a evolução é diferenciada. “O Alzheimer tem uma evolução lenta e progressiva. Já a demência vascular tem patamares de estabilizações e de pioras decorrentes das obstruções dos vasos”, explica o Dr. Ivan Hideyo Okamoto, neurologista e coordenador do Núcleo de Excelência em Memória do Einstein. “No Alzheimer é como se você estivesse descendo uma rampa. Na demência vascular é uma escada. O indivíduo pode ficar estacionado num degrau muito tempo e, de repente, pode descer muito rápido”, compara a Dra. Maysa Seabra Cendoroglo, geriatra do Einstein.Ela lembra que também é alta a incidência de demências mistas, frutos da ação conjunta do Alzheimer e dos problemas vasculares, o que potencializa os efeitos negativos. “Seria como se o paciente descesse progressivamente uma rampa intercalada por degraus abruptos”.

Outras demências
Dentre as muitas outras causas de sintomas de demência, há algumas reversíveis, como as relacionadas com hipotireoidismo, infecções por sífilis, hidrocefalia de pressão compensada (há aumento da pressão intracraniana) e deficiência de vitamina B12, entre outras. Quanto mais precoce for o tratamento do problema, maiores são as chances de desaparecimento dos sintomas.Infelizmente, ainda é longa a lista dos quadros demenciais com suas próprias etiologias (muitas delas desconhecidas) e formas de manifestação. A demência de Lewy, por exemplo, de grande incidência nos países desenvolvidos, é caracterizada por um declínio clínico acelerado e pela associação com parkinsonismo precoce, entre outros fatores. Já na demência de Pick (ou doença de Pick) e nas demências frontotemporais, alterações de comportamento e de personalidade são sintomas marcantes.“As demências frontotemporais são mais comuns em pessoas mais jovens. Em pacientes com menos de 60 anos, ela se torna a segunda causa depois do Alzheimer. Ou seja, afeta indivíduos que ainda têm uma vida profissional e social bastante ativa”, afirma o Dr. Ivan. “Com a doença, começam aparecer alterações de comportamento, como agressividade, apatia, depressão, desinibição... De repente, a pessoa pode tirar a roupa em um local público ou simplesmente ficar horas sentada na frente da televisão mesmo ela estando desligada”, exemplifica o neurologista.

Diagnóstico
Sejam quais forem as etiologias associadas aos quadros demenciais, os médicos contam com critérios clínicos bem definidos para o diagnóstico. São avaliados aspectos cognitivos e comportamentais, que prejudicam as atividades rotineiras, declínio em relação a níveis prévios de funcionalidade e desempenho, e demais sintomas que não são explicados por outras doenças psiquiátricas.Além do exame e da entrevista (anamnese) do paciente, são importantes as informações fornecidas pelos familiares ou acompanhantes. E quando o breve exame cognitivo realizado pelo médico não for conclusivo, é solicitada uma avaliação neuropsicológica. Para configurar demência, os deficits cognitivos e comportamentais precisam afetar pelo menos dois dos seguintes domínios: memória, funções executivas, habilidades visoespaciais, linguagem e personalidade.Algumas das ferramentas utilizadas pelos especialistas são a Escala de Atividades Instrumentais de Vida Diária e a Escala de Atividades Básicas de Vida Diária. “Com isso, a queixa do paciente é transformada em números para compararmos se aquilo está dentro ou fora do padrão esperado para a idade”, informa o Dr. Ivan, destacando ainda a importância de conhecer o histórico de evolução da doença para fazer o diagnóstico.A Dra. Maysa ressalta que, na investigação diagnóstica, um ponto relevante é distinguir demência e depressão, além de saber se os dois males estão associados. A depressão pode, sim, ser uma das primeiras manifestações da demência. Mas o paciente com depressão também pode apresentar sintomas que são confundidos com demência. “O fato de a depressão ter sido diagnosticada não afasta completamente a possibilidade de existência de uma demência. É preciso tratar a depressão e, depois, reavaliar o paciente do ponto de vista da cognição para afastar a suspeita de quadro demencial associado”, afirma a geriatra.A médica ressalta, ainda, a importância do suporte familiar. “O paciente demenciado não adoece sozinho. A família também precisa ser amparada e contar com o apoio de profissionais para ajudar a assegurar a qualidade de vida do paciente. Pessoas com demência que se sentem seguras e amparadas têm uma evolução da doença menos complicada”, diz a Dra. Maysa.Qualquer que seja a causa da demência, o diagnóstico precoce faz a diferença. Daí a importância de estar atento a sinais que, absolutamente, não são comuns à idade, e buscar ajuda médica, em geral um geriatra, neurologista ou psiquiatra. Quanto mais cedo identificado o problema, maiores as chances de sucesso no tratamento – seja nos casos reversíveis, seja naqueles em que a medicina, por enquanto, consegue apenas minorar o problema.

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