domingo, setembro 14, 2014

Força


Poucas pessoas sabem da minha história de vida, poucas porque nunca fui de ter tantas pessoas na vida. Acho até que na maior parte de todos esses anos, só mesmo os parentes próximos, como pais, tios e primos.As pessoas mais importantes da minha vida, morreram enquanto eu ainda era criança.

Sempre me senti sozinha. Brincava sozinha. Não parece muito normal, mas eu jogava joguinhos de tabuleiros sozinha, sendo eu adversária de mim mesma. Isso era estranho, ainda é estranho só de pensar. Eu tenho uma irmã, um ano e seis meses mais nova que eu. Desde sempre ela foi competitiva e sempre tentou tirar vantagens em tudo. Pela pouca diferença de idade, já deu para perceber que ela veio pra me encher o saco, tanto é que tive que parar de mamar no peito, porque a mãe já estava grávida.

Indo um pouco mais no tempo, quando ela jogava comigo, sempre fazia a tal pirraça de parar de jogar quando via que ia perder. Sempre foi assim. Como eu já não queria ficar jogando sozinha, ás vezes eu perdia de propósito, para ela continuar pelo menos mais algumas partidas. 
Nas brincadeiras coletivas, onde a criançada se reunia, tipo queimada, rouba-bandeira, amarelinha, corda, eu sempre escolhia o time ou era a primeira a ser escolhida. Ela sempre foi o "café-com-leite", ou seja, só servia para completar o time, mas não fazia diferença no time, ou era quem não sabia jogar, mas não podia excluir.

Eu não sei porque, mas sempre fui forte fisicamente. Nunca quebrei nada, nenhum osso, que seja, mas tive muitas cicatrizes de vários tombos de bicicletas e raladas no joelhos. Sem mencionar os tantos tombos jogando vôlei. 

Essa reflexão de hoje, me fez pensar que eu sempre fui forte, por dentro e por fora, mas uma chorona. Já perdi a conta de como eu já chorei nessa vida. Eu aprendi a ser sozinha e fazer tudo sozinha, mas é insuportável ser solitária na vida. É horrivel ter que ir ao cinema sozinha, comer sozinha, sair sozinha.
Na adolescência eu tinha uma certa coragem absurda de  ir sozinha nas boates, as tais matinês. Mas eu ia somente para dançar. E como gostava de dançar. Eu acabava puxando papo com uma ou outra pessoa, mas eu voltava pra casa sempre sozinha. 

Voltando a falar da minha irmã. Ela sempre foi capeta. Nunca foi muito inteligente, então aprontava, e sempre arrumava confusão com meninas maiores que ela, se não fosse apenas apanhar, ainda ficava me gritando para defendê-la. Lá ia eu bater na grandona que metia a mão nela. Era engraçado. Eu sempre fui baixinha, mas a nossa pouca diferença de idade me fazia muto mais alta que ela, e tem o fato dela ser considerada fraquinha, porque drenou o pulmão quando era bem pequena devido a uma pneumonia. É como se eu tivesse nascido para ser a protetora dela. Mas o tempo passa, e eu deixei de ser a irmã dela quando fui morar com minha vó aos 11 anos.

Eu sempre quis muita coisa na vida. Muitos sonhos passaram na minha cabeça, mas sempre tinha o raio do não porque não não sobrava grana pra realizar minhas coisas. Eu acabei me tornando uma criança, uma jovem, uma adulta frustrada, até eu conseguir o primeiro emprego e comprar as coisas que eu quis. Tá certo que não realizei nem a terça parte das coisas que eu quis, como por exemplo ser dentista. Eu queria ser dentista, mas a realidade me jogou na cara que o curso era muito caro, mesmo em universidade federal. Tentei fazer uma faculdade que eu só precisasse o do meu cérebro como material de aprendizado e acabei indo pelo Direito. Hoje faço Psicologia, e não gosto nem um pouco de Direito.

Quis fazer yoga e fiz. Tentei outras coisas, do tipo ser piloto de caça, cheguei a fazer a prova, mas não tenho altura e visão precária. Jogar vôlei de verdade, mas a altura tb me limitou. Eu ainda não aprendi a nadar e acabei entrando no muay thai pra perder peso, até que em um treino inicial o instrutor perguntou se eu já tinha lutado antes,  e percebi que eu tinha jeito. Hoje eu tenho luvas de boxe. Quando eu assistia Rock Balboa jamais pensei em subir num ring. Não sou profissional, mas eu tenho treinado e o treino é pra minha própria alma. É meu escape da realidade. Dói, vivo com hematomas, mas eu preciso ficar forte pra enfrentar essa vida de solidão, porque sou guerreira.









Nenhum comentário:

Postar um comentário

Ficarei feliz em saber sua opinião

Amigurumi e a psicoterapia ajudando na concentração e atenção

  O SIGNIFICADO  DE AMIGURUMI Essa palavra não é brasileira, já deu para perceber né, rs rs.  Pela semelhança com a palavra ORIGAMI já dá pa...