quinta-feira, outubro 01, 2015

O tempo não passa igualmente para todos

O tempo não passa igualmente para todos. Quando se chega perto dos 40, alguns continuam parecendo estar na casa dos 20, enquanto outros parecem perto da idade da aposentadoria. Além do aspecto estético, numa sociedade cada vez mais longeva, medir a idade real e a velocidade do envelhecimento individual pode ser muito útil para contrabalançar os efeitos da passagem do tempo quando ainda não começaram a causar doenças. Até agora, contudo, não existem métodos para medir o processo de envelhecimento nos adultos jovens. É isso que uma equipe internacional de cientistas coordenada pela Universidade Duke (EUA) está tentando mudar.
Os pesquisadores usaram o Estudo de Dunedin, que reuniu informações sobre a saúde de mais de 1.000 pessoas da cidade neozelandesa de mesmo nome desde que nasceram, entre 1972 e 1973, até a atualidade. Por um lado, utilizando um algoritmo que inclui 10 indicadores biológicos, como a relação cintura-quadris, a saúde das gengivas, os níveis de colesterol e triglicérides e a pressão arterial, calcularam a idade biológica dos indivíduos que queriam estudar. Embora todos tivessem 38 anos, alguns deles correspondiam à idade biológica de 28 anos, enquanto outros chegavam aos 61.
Os cientistas mediram ainda o ritmo de envelhecimento dos voluntários tomando como referência a variação de 18 indicadores biológicos entre os 26 e os 38 anos. Dessa forma observaram que, enquanto a maior parte das pessoas envelhece um ano biológico a cada ano cronológico, alguns envelheciam até três anos biológicos por ano cronológico. No extremo oposto, três dos participantes do Estudo de Dunedin tiveram um ritmo de envelhecimento biológico inferior a zero, recuperando a juventude fisiológica na casa dos 30.
Os autores do trabalho, publicado agora na revista PNAS, também observaram que quem envelhecia mais rápido e tinha uma idade biológica maior sofria uma queda também mais rápida do quociente intelectual, maior risco de demência e pior equilíbrio. Além disso, os voluntários que acumulavam anos biológicos com maior velocidade tinham uma percepção pior sobre a própria saúde e pareciam mais velhos aos olhos de observadores independentes.
Os pesquisadores reconhecem que ainda devem refinar suas aferições para saber, por exemplo, se alguns fatores relacionados com o envelhecimento têm mais influência no acúmulo de anos biológicos do que outros, esses resultados mostram que é possível quantificar as diferenças na velocidade com que pessoas jovens envelhecem, criando as bases para medir a eficiência de tratamentos anti-idade aplicáveis antes que a deterioração física surja na forma de doenças.
“Nossa pesquisa pode impulsionar de duas maneiras os esforços para prevenir as doenças e incapacidades relacionadas com a idade. Em primeiro lugar, torna possíveis outros estudos que revelem de que maneira diferentes fatores de risco podem acelerar o envelhecimento. Esses estudos poderão identificar metas para o trabalho de prevenção”, explica Dan Belskey, pesquisador da Universidade Duke e autor principal do estudo. “Em segundo lugar, torna possível a avaliação de terapias de antienvelhecimento em pessoas jovens”, acrescenta.
“Antes, os estudos tinham que se concentrar em adultos mais velhos, porque os efeitos da idade costumeiramente são medidos por meio de patologias cognitivas ou físicas”, prossegue. “Tentar retardar o envelhecimento de pessoas que já desenvolveram doenças crônicas é uma corrida morro acima. As terapias para retardar o envelhecimento em pessoas jovens podem ser mais eficientes porque os processos relacionados com a doença ainda não estão em andamento”, conclui.
Para completar os resultados, no futuro os pesquisadores querem medir que parte do ritmo com que envelhecemos está relacionada com a genética e que parte com o estilo de vida. Além disso, tentarão compreender por que alguns dos indivíduos estudados mostravam traços fisiológicos indicadores de que, ao menos durante um certo período, tornavam-se mais jovens com a passagem do tempo.
Em 2009, Pesquisadores britânicos descobriram um grupo de variantes genéticas associadas ao envelhecimento do ser humano – a descoberta indica o motivo de algumas pessoas envelhecerem mais rápido que as outras. Isso pode ajudar nas pesquisas sobre câncer e outras doenças relacionadas à idade.
Os cientistas, que trabalham na Universidade de Leicester e na King's College (Inglaterra), explicam que há dois processos de envelhecimento diferentes: a cronológica, que nós geralmente contamos em anos e indica há quanto tempo a pessoa "existe", e a biológica, em que as células do indivíduo podem ser mais novas ou mais velhas do que o sugerido pela idade dele.
No estudo foram analisadas mais de 500 mil variações genéticas existentes em todo o genoma (conjunto de genes de uma espécie) humano. Os pesquisadores identificaram que as variações genéticas ficam perto de um gene chamado Terc, já conhecido por sua influência em uma parte do DNA conhecida como telômero, que têm relação com o envelhecimento. Nas grandes sequências de DNA, há longas fitas chamadas telômeros, que se encurtam toda vez que a célula se divide. Se os telômeros ficam curtos demais, a célula não consegue mais viver.

Um comentário:

  1. Excelente post! Me interesso muito sobre esse assunto.
    Cleo, te desejo um 2016 repleto de realizações, paz, saúde, anor e muita proteção. Beijo grande!

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