Pequim, 19 abr (EFE).- A memória do imperador chinês Yang Guang, considerado um dos piores governantes da história do país, voltou à mente dos chineses depois da descoberta de seu túmulo no domingo passado.
O tumba do imperador foi descoberta durante as obras para a construção de um edifício na cidade chinesa de Yangzhou, onde Yang (569-618) viveu seus últimos dias, fugindo das revoltas populares que pediam sua morte.
Embora o mausoléu se encontre em mau estado por ter sido profanado por ladrões de túmulos, as inscrições na lápide e alguns objetos presentes no local só poderiam ser usados por imperadores, o que prova que se ltrata do lugar onde Yang Guang foi enterrado.
A descoberta acabou revelando que outro túmulo, que atraiu milhares de turistas para mesma cidade durante anos por ser o local onde estava enterrado o "pior tirano da história da China" era falso.
Para o diretor do departamento de arqueologia da cidade, Shu Jiaping, não há dúvidas de que o túmulo encontrado por acaso no fim de semana seja o verdadeiro. As provas seriam um cinturão de ouro e jade e um batedor de porta em formato de leão presente na tumba, presentes destinadao ao imperador da dinastia Sui.
Outro túmulo descoberto ao lado parece ser o da imperatriz Xiao, uma das seis esposas que o imperador teve, embora faltem por enquanto partes em ambos os caixões, possivelmente roubados no passado.
A descoberta surpreendou os moradores da região, que sempre se orgulharam de "serem vizinhos de um imperador, embora ele tivesse sido um tirano", disse um habitante local ao jornal oficial "China Daily".
Yang Guang, segundo e último imperador da efêmera dinastia Sui, governou a China entre 604 e 618, e nos registros históricos do país é sempre retratado como um governante esbanjador, que cometeu muitos erros militares e levou milhões de seus súditos à morte com seus desejos de grandeza.
Suas fracassadas campanhas contra o reino de Koguryo - que ocupava grande parte da península coreana e zonas do atual nordeste da China -nas quais milhões de camponeses foram recrutados à força, geraram revoltas, obrigando-o a fugir para Yangzhou, onde foi morto por um de seus generais, Yuwen Huaji.
Alguns historiadores tentaram suavizar recentemente a tradicional visão crítica do reinado de Yang, lembrando que algumas de suas campanhas militares foram bem-sucedidas, como as que conquistaram parte do reino Champa, no sul do império e no atual Vietnã.
O imperador também fez um programa de obras públicas, que incluiu estradas, a conclusão do Grande Canal (que durante séculos foi a principal forma de locomoção entre o norte e o sul do país) e a reconstrução da Muralha China, que defendia o império dos invasores nômades do norte.
Na reconstrução morreram milhões de operários (alguns registros históricos falam de até seis milhões).
Se tudo isto era pouco para cultivar a má fama do imperador em seu país, havia os agravantes das suspeitas de que Yang tivesse matado seu pai, o imperador Wen, para poder chegar ao trono - embora este fato nunca tenha sido provado - e das conspirações contra seus irmãos, com a mesma finalidade.
Seu irmão mais velho, Yang Yong, primeiro candidato ao trono, foi acusado por Yang Guang de traição e por isso perdeu a preferência de seu pai, e quando este último foi coroado, seu irmão caçula Yang Liang liderou uma revolta contra ele que fracassou e o levou à prisão perpétua.
A impopularidade de Yang ficou mais evidente quando o novo mausoléu foi encontrado, uma vez que não era tão luxuoso como o de outros monarcas da civilização chinesa, e segundo o chefe de arqueólogos de Yangzhou muitos túmulos de nobres e pessoas de classes mais altas da mesma época são mais opulentos que o deste imperador.
Depois do assassinato de Yang, a dinastia Sui foi sucedida pela Tang (séculos VII-IX), que para alguns historiadores foi o apogeu cultural da milenar civilização chinesa.
A descobreta mostra que China continua sendo um local de intermináveis achados arqueológicos: a cada ano dezenas de novas descobertas são anunciadas e o país ainda não se atreveu, pela falta de tecnologia, a abrir o túmulo de seu primeiro imperador, Qin Shihuang, a poucos quilômetros do famoso Exército de Terracota. EFE
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