sexta-feira, novembro 18, 2011

O astro de crespúsculo e o crespúsculo do astro

Ainda me lembro da primeira vez que vi Nicolas Cage nas telas. Eu era adolescente. Foi no adorável filme Birdy (Asas da Liberdade), de 1984. Ele fazia o papel de um veterano do Vietnã que tentava ajudar seu melhor amigo de infância (traumatizado pela guerra) a entender que  não era um passarinho. É um filme lindo, com flashbacks da amizade dos dois. O grande ator do filme é Matthew Modine, que faz o doido. Mas foi ali que vi Cage pela primeira vez.
Tá, eu sei que um ano antes ele tinha feito o mega cult O Selvagem da Motocicleta, filme que eu adoro, e algumas outras produções, como coadjuvante. Mas… eu não lembro direito. Na minha vida, Birdy foi o debut do ator.
Mas até aí eu ainda não havia me apaixonado por ele.
Isso aconteceu depois, quando Cage fez, quase ao mesmo tempo,Feitiço da Lua, ao lado de Cher, e Peggy Sue – Seu passado a espera, com a linda Kathleen Turner. No primeiro, ele era um jovem padeiro descendente de italianos que não tinha uma das mãos. Usava uma prótese de madeira. E se apaixonava pela noiva do irmão mais velha – também madura pra ele. No segundo, era o ex-marido/namorado da protagonista de meia-idade, que faz uma viagem no tempo para tentar consertar sua vida. Além de atuar, ele cantava. E cantava bem.
Era um tempo de Mel Gibson e Harrison Ford, dois astros que as mulheres endeusavam. Mas quem eu adorava era Nicolas Cage. Longe da beleza desses outros galãs, ele era até um pouco desengonçado. Mas tinha charme, carisma, fragilidade, uma coisa bem humorada genial.
Quase todo mundo sabe: Cage é sobrinho do poderoso Francis Ford Coppola. Mas nunca quis usar o nome da família. Adotou o sobrenome de um heroi dos quadrinhos que ele admirava (Luke Cage, da Marvel). Queria vencer pelo talento – e conseguiu.
Depois que ele se firmou, vieram outros filmes ótimos: Arizona Nunca Mais. Coração Selvagem.Lua de mel em Vegas. Atraídos pelo destino (com Bridget Fonda – onde é que ela se meteu???). Fazia muitas comédias, mas, em 1995, acabou ganhando o Oscar com o drama Despedida em Las Vegas, no papel de um suicida. Com o carimbo do Oscar – e mais um monte de indicações de prêmios – ele começou a se meter em mais e mais produções. Às vezes estava em mais de um filme por ano. Fez O Rochedo, Cidade dos Anjos, A Outra Face (com John Travolta, os dois maravilhosos), 8 Milímetros, Um Homem de Família (já vi 175 vezes) e o sensacional Adaptação, entre outros. Como ele conseguia ser bom em tudo?
Em 2004, estrelou A Lenda do Tesouro Perdido. Bem…não gostei de vê-lo saradão nesse blockbuster bobinho. Mas, no ano seguinte ele se salvou com o lindo O Sol da Manhã e o excelente O Senhor das Armas.
E aí, Nicolas Cage acabou. Eu soube disso ao ver O Sacrifício, em 2006. O filme era uma das maiores drogas que já vi. E Cage estava péssimo. Não sei como pagaram seu cachê. Aí vieram os motoqueiros fantasmas, pressários, filmes de bruxos. Não gosto de mais nada. Ele atua mal. Tá cheio de botox mal aplicado. Usa de vez em quando uma franjinha implantada que me dá coceira. Esse último, Reféns, em que ele compete com Nicole Kidman pra ver quem está mais esticado, preferi não ver. A crítica detonou.
OK, o tempo passou. Mas os bons atores resistem ao tempo. Ou deveriam. Alguns até melhoram com o tempo – como Clint Eastwood. Cage não merecia este destino. Dizem que teve problemas com o fisco, com ex-mulheres, etc. Justifica? Talvez.
Hoje, minha filha de onze anos e 90% das meninas (e muitas mulheres) do mundo aguardam ansiosamente pela estreia de mais um filme da saga Crepúsculo. Amanhecer. Elas adoram o vampiro Edward, vivido pelo ator Robert Pattinson. Um ator, na minha opinião, mediano, sem carisma, sem personalidade. Talvez ele diga ao que veio depois que a saga terminar e ele possa (tentar) se desgrudar do personagem. Mas me causa estranheza (ou talvez eu esteja apenas ficando velha) que tantas garotas idolatrem esse ator tão sem graça.
Tudo é questão de gosto, claro. Mas pelo menos Nicolas Cage nunca usou tanto pó-de-arroz.

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