O Real
Segundo , o "Real" é um termo que corresponde a um conceito bastante enigmático, e não deve ser equiparado com a realidade, uma vez que a nossa realidade está construída simbolicamente; o real, pelo contrário, é um núcleo duro, algo traumático que não pode ser simbolizado (isto é, expressado com palavras). O real não tem existência positiva; só existe como abstrato. Porém, não consiste em algo externo à realidade: é o próprio núcleo da realidade que nossa capacidade de simbolização não consegue alcançar. É o que irrompe por entre as brechas da malha simbólica.
Para Žižek, a realidade tem a estrutura de uma ficção. Ou seja, sendo construída a partir da simbolização limitada de um determinado ponto do Real, acaba sendo apenas uma espécie de interpretação da "coisa em si". Sendo assim, o real irrompe em situações as quais tradicionalmente consideramos serem fictícias, como em sonhos e na realidade virtual. No primeiro caso, o sonho permite que entremos em contato com o que há de mais próximo do Real individualmente. No segundo caso, a realidade virtual nos permite que nos manifestemos sem a pressão exercida pelas regras do Simbólico, de modo que um homem tímido pode ser, em um jogo virtual, uma mulher atraente e sedutora.[3]
- O Simbólico
Žižek afirma que o simbólico inaugura-se com a aquisição da linguagem. Assim, sucede aquilo de que "um homem só é rei porque os seus súbditos se comportam perante ele como um rei". É a lei que estrutura toda nossa sociedade, ainda que não seja homogênea e, desse modo, igual para cada um dos indivíduos.[3]
- O Imaginário
O Imaginário, segundo Žižek, é algo muito semelhante ao Simbólico. Porém, enquanto o Simbólico relaciona-se de forma mais próxima às leis e regras que estruturam a realidade, o Imaginário se liga à questão da imagem, tanto visual, sonora, olfativa, etc. É aquilo que faz com que eu sinta o cheiro de uma rosa e imediatamente traga à minha mente o conceito de rosa, sem, no entanto, ser relacionado aos outros conceitos ideológicos que emergem conjuntamente com essa ideia (o fato de rosas representarem romantismo, de terem conotação sexual, a lembrança de ter ganhado uma rosa etc.) [4]
Todos os níveis estão interligados, de acordo com Jacques Lacan (desde o seminário XX), numa forma de nó borromeano, como três anéis enlaçados juntos de maneira tal que, se um deles se desenlaça, o resto também cai.
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