PORTO PRÍNCIPE (Reuters) - Soldados e aviões com alimentos e remédios chegaram nesta quinta-feira ao Haiti para socorrer uma nação traumatizada e ainda assustada com os tremores secundários, depois do terremoto de magnitude 7,0 que devastou a capital, Porto Príncipe.
A Cruz Vermelha Haitiana estima que haja de 45.000 a 50.000 mortos e 3 milhões de feridos ou desabrigados. O presidente do país, René Préval, disse que cerca de 7.000 vítimas do terremoto já foram enterradas em uma vala comum.
"Já enterramos 7.000 em uma vala comum", disse Préval a repórteres no aeroporto, enquanto acompanhava o presidente dominicano Leonel Fernández, o primeiro chefe de Estado a visitar o Haiti depois do devastador terremoto.
Dois dias depois do tremor, muita gente continua viva sob os escombros, mas há poucos sinais de um esforço organizado de resgate. Cerca de 1.500 cadáveres estão empilhados diante do principal hospital, e os mortos estão espalhados também pelas ruas.
Aviões cheios de mantimentos chegam ao aeroporto de Porto Príncipe num ritmo mais rápido do que os funcionários são capazes de descarregá-los, e as autoridades aéreas restringiram voos vindos do espaço aéreo norte-americano, temendo que os aviões fiquem sem combustível enquanto esperam para pousar.
A ajuda, no entanto, ainda não chegou aos haitianos necessitados que vagam pelas ruas dilapidadas de Porto Príncipe, buscando desesperadamente água, comida e assistência médica.
"Dinheiro não vale nada agora, água é a moeda", disse um funcionário de ajuda humanitária à Reuters.
Saqueadores invadiram um supermercado danificado pelo tremor em um bairro de Porto Príncipe, levando produtos eletrônicos e sacos de arroz. Outros tiraram gasolina de um caminhão-tanque quebrado.
"Todos os policiais estão ocupados resgatando e enterrando suas próprias famílias", disse Manuel Deheusch, dono de uma fábrica de telhas. "Eles não têm tempo de patrulhar as ruas."
AJUDA INTERNACIONAL
Uma segunda aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) que auxiliará nos trabalhos de resgate decolou de Brasília na tarde desta quinta-feira com 17 toneladas de remédios, água e equipamentos médicos, de busca e salvamento.
O avião levou também 51 bombeiros e quatro cães farejadores que auxiliarão nas buscas por vítimas, além de uma equipe médica da FAB que prestará atendimento aos 12 militares brasileiros feridos após tremor.
Na quarta-feira, a FAB enviou a primeira aeronave com 22 toneladas de água e alimentos para as vítimas do terremoto.
Os Estados Unidos estão enviando 3.500 soldados e 300 trabalhadores da área médica para ajudar no resgate e na segurança na capital devastada. As primeiras equipes deveriam chegar ainda na quinta-feira. O Pentágono também enviaria um porta-aviões e três barcos anfíbios, incluindo um capaz de transportar até 2.000 fuzileiros navais.
"Ao povo do Haiti, dizemos claramente e com convicção: vocês não serão abandonados. Vocês não serão esquecidos. Nesta sua hora de maior necessidade, a América está ao seu lado. O mundo está ao seu lado," disse o presidente dos EUA, Barack Obama.
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse que uma equipe militar dos EUA reabriu o aeroporto de Porto Príncipe para que aeronaves pesadas pudessem começar a trazer auxílio.
Ela prometeu assistência de longo prazo dos EUA ao debilitado governo haitiano. O Parlamento, o palácio presidencial e muitos prédios públicos desabaram, e não estava claro quantos parlamentares e autoridades sobreviveram. A principal prisão também ruiu, permitindo a fuga de criminosos perigosos.
"As autoridades que existiam antes do terremoto não são capazes de agir plenamente. Vamos tentar apoiá-las até que restabeleçam a autoridade", disse Hillary à CNN.
Ainda não havia sinais de operações de resgate organizadas para salvar pessoas soterradas, e os médicos no Haiti, o país mais pobre do Ocidente, estão mal equipados para tratar os feridos.
Tendas improvisadas estão espalhadas por todo lado, e os haitianos instalados em um acampamento informal abordaram um jornalista gritando "água, água" em várias línguas.
"Por favor, faça qualquer coisa que você puder, essa gente não tem água, comida ou remédios, ninguém está nos ajudando", disse Valery Louis, que organizou um dos acampamentos.
Grupos de mulheres que passam as noites nas ruas cantavam hinos religiosos na escuridão e rezavam pelos mortos. "Elas querem que Deus as ajude - todos nós queremos", disse Dermene Duma funcionária do hotel Villa Créole, que perdeu quatro parentes.
Choro e lamentações surgem cada vez que alguém morre, mas os tremores secundários interrompem o luto, fazendo com que as pessoas saiam correndo em pânico.
O epicentro do terremoto ocorreu a apenas 16 quilômetros de Porto Príncipe, cidade densamente povoada com 4 milhões de habitantes. Corpos jaziam por todos os lados da cidade montanhosa, e as pessoas tapam o nariz com panos por causa do odor da decomposição.
Uma caminhonete chegou levando cadáveres ao Hospital Geral da cidade, cujo diretor, Guy LaRoche, estima que haja 1.500 corpos amontoados no lado de fora do necrotério.
SACOS PARA CADÁVERES
A Cruz Vermelha Haitiana já não tem sacos para guardar os cadáveres, e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha disse que está enviando outros 3.000. O Brasil, que comanda a missão de paz da ONU no país, propôs a criação de um cemitério de emergência, e os EUA estão enviando equipes para os trabalhos funerários.
Com as mãos e com marretas, os haitianos escavam os escombros para tentar resgatar os sobreviventes.
Um estoniano de 35 anos, Tarmo Joveer, foi tirado na quinta-feira dos escombros do prédio da ONU, que tinha cinco andares. Ele disse a jornalistas que estava bem.
A ONU afirmou que pelo menos 36 integrantes da missão de paz, que tem 9.000 pessoas, morreram, e que ainda há muitos desaparecidos. O Brasil já confirmou a morte de 14 militares e também da médica Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança, que fazia uma visita de trabalho ao país.
Também na quinta-feira, 14 hóspedes e funcionários foram retirados com vida do importante hotel Montana, que ficou praticamente destruído. O major chileno Rodrigo Vázquez, que dirigia a operação, estimou que ainda há outras 70 pessoas soterradas. "Isso é devastador," disse.
Nações de todo o mundo se mobilizam para enviar equipes de resgate, com cães farejadores, maquinário pesado, tendas, unidades de purificação de água, alimentos, médicos e equipes de telecomunicações.
Mas a distribuição da ajuda é complicada pela grande presença de entulho e carros destruídos nas ruas, e também pela paralisação das telecomunicações. Os escritórios de várias entidades humanitárias foram destruídos, e muitos funcionários estão mortos ou desaparecidos.
Os soldados da ONU na cidade parecem sobrecarregados pela enormidade da tarefa de recuperação pela frente. "Simplesmente não sabemos o que fazer," disse um militar chileno. "Você pode ver como o dano é terrível. Não conseguimos chegar a todas as áreas."
Muitos hospitais estão sem condições de uso, e os médicos fazem o possível para tratar membros esmagados, feridos e fraturas em instalações improvisadas, nas quais os suprimentos médicos são escassos.
A entidade Médicos Sem Fronteiras está enviando um hospital inflável com dois centros cirúrgicos, e vários países estão mandando hospitais de campo. Um navio-hospital da Marinha dos EUA, o Confort, também está voltando ao Haiti, onde já prestou atendimento à população depois das tempestades, inundações e deslizamentos de 2008.
A Cruz Vermelha Haitiana estima que haja de 45.000 a 50.000 mortos e 3 milhões de feridos ou desabrigados. O presidente do país, René Préval, disse que cerca de 7.000 vítimas do terremoto já foram enterradas em uma vala comum.
"Já enterramos 7.000 em uma vala comum", disse Préval a repórteres no aeroporto, enquanto acompanhava o presidente dominicano Leonel Fernández, o primeiro chefe de Estado a visitar o Haiti depois do devastador terremoto.
Dois dias depois do tremor, muita gente continua viva sob os escombros, mas há poucos sinais de um esforço organizado de resgate. Cerca de 1.500 cadáveres estão empilhados diante do principal hospital, e os mortos estão espalhados também pelas ruas.
Aviões cheios de mantimentos chegam ao aeroporto de Porto Príncipe num ritmo mais rápido do que os funcionários são capazes de descarregá-los, e as autoridades aéreas restringiram voos vindos do espaço aéreo norte-americano, temendo que os aviões fiquem sem combustível enquanto esperam para pousar.
A ajuda, no entanto, ainda não chegou aos haitianos necessitados que vagam pelas ruas dilapidadas de Porto Príncipe, buscando desesperadamente água, comida e assistência médica.
"Dinheiro não vale nada agora, água é a moeda", disse um funcionário de ajuda humanitária à Reuters.
Saqueadores invadiram um supermercado danificado pelo tremor em um bairro de Porto Príncipe, levando produtos eletrônicos e sacos de arroz. Outros tiraram gasolina de um caminhão-tanque quebrado.
"Todos os policiais estão ocupados resgatando e enterrando suas próprias famílias", disse Manuel Deheusch, dono de uma fábrica de telhas. "Eles não têm tempo de patrulhar as ruas."
AJUDA INTERNACIONAL
Uma segunda aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) que auxiliará nos trabalhos de resgate decolou de Brasília na tarde desta quinta-feira com 17 toneladas de remédios, água e equipamentos médicos, de busca e salvamento.
O avião levou também 51 bombeiros e quatro cães farejadores que auxiliarão nas buscas por vítimas, além de uma equipe médica da FAB que prestará atendimento aos 12 militares brasileiros feridos após tremor.
Na quarta-feira, a FAB enviou a primeira aeronave com 22 toneladas de água e alimentos para as vítimas do terremoto.
Os Estados Unidos estão enviando 3.500 soldados e 300 trabalhadores da área médica para ajudar no resgate e na segurança na capital devastada. As primeiras equipes deveriam chegar ainda na quinta-feira. O Pentágono também enviaria um porta-aviões e três barcos anfíbios, incluindo um capaz de transportar até 2.000 fuzileiros navais.
"Ao povo do Haiti, dizemos claramente e com convicção: vocês não serão abandonados. Vocês não serão esquecidos. Nesta sua hora de maior necessidade, a América está ao seu lado. O mundo está ao seu lado," disse o presidente dos EUA, Barack Obama.
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse que uma equipe militar dos EUA reabriu o aeroporto de Porto Príncipe para que aeronaves pesadas pudessem começar a trazer auxílio.
Ela prometeu assistência de longo prazo dos EUA ao debilitado governo haitiano. O Parlamento, o palácio presidencial e muitos prédios públicos desabaram, e não estava claro quantos parlamentares e autoridades sobreviveram. A principal prisão também ruiu, permitindo a fuga de criminosos perigosos.
"As autoridades que existiam antes do terremoto não são capazes de agir plenamente. Vamos tentar apoiá-las até que restabeleçam a autoridade", disse Hillary à CNN.
Ainda não havia sinais de operações de resgate organizadas para salvar pessoas soterradas, e os médicos no Haiti, o país mais pobre do Ocidente, estão mal equipados para tratar os feridos.
Tendas improvisadas estão espalhadas por todo lado, e os haitianos instalados em um acampamento informal abordaram um jornalista gritando "água, água" em várias línguas.
"Por favor, faça qualquer coisa que você puder, essa gente não tem água, comida ou remédios, ninguém está nos ajudando", disse Valery Louis, que organizou um dos acampamentos.
Grupos de mulheres que passam as noites nas ruas cantavam hinos religiosos na escuridão e rezavam pelos mortos. "Elas querem que Deus as ajude - todos nós queremos", disse Dermene Duma funcionária do hotel Villa Créole, que perdeu quatro parentes.
Choro e lamentações surgem cada vez que alguém morre, mas os tremores secundários interrompem o luto, fazendo com que as pessoas saiam correndo em pânico.
O epicentro do terremoto ocorreu a apenas 16 quilômetros de Porto Príncipe, cidade densamente povoada com 4 milhões de habitantes. Corpos jaziam por todos os lados da cidade montanhosa, e as pessoas tapam o nariz com panos por causa do odor da decomposição.
Uma caminhonete chegou levando cadáveres ao Hospital Geral da cidade, cujo diretor, Guy LaRoche, estima que haja 1.500 corpos amontoados no lado de fora do necrotério.
SACOS PARA CADÁVERES
A Cruz Vermelha Haitiana já não tem sacos para guardar os cadáveres, e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha disse que está enviando outros 3.000. O Brasil, que comanda a missão de paz da ONU no país, propôs a criação de um cemitério de emergência, e os EUA estão enviando equipes para os trabalhos funerários.
Com as mãos e com marretas, os haitianos escavam os escombros para tentar resgatar os sobreviventes.
Um estoniano de 35 anos, Tarmo Joveer, foi tirado na quinta-feira dos escombros do prédio da ONU, que tinha cinco andares. Ele disse a jornalistas que estava bem.
A ONU afirmou que pelo menos 36 integrantes da missão de paz, que tem 9.000 pessoas, morreram, e que ainda há muitos desaparecidos. O Brasil já confirmou a morte de 14 militares e também da médica Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança, que fazia uma visita de trabalho ao país.
Também na quinta-feira, 14 hóspedes e funcionários foram retirados com vida do importante hotel Montana, que ficou praticamente destruído. O major chileno Rodrigo Vázquez, que dirigia a operação, estimou que ainda há outras 70 pessoas soterradas. "Isso é devastador," disse.
Nações de todo o mundo se mobilizam para enviar equipes de resgate, com cães farejadores, maquinário pesado, tendas, unidades de purificação de água, alimentos, médicos e equipes de telecomunicações.
Mas a distribuição da ajuda é complicada pela grande presença de entulho e carros destruídos nas ruas, e também pela paralisação das telecomunicações. Os escritórios de várias entidades humanitárias foram destruídos, e muitos funcionários estão mortos ou desaparecidos.
Os soldados da ONU na cidade parecem sobrecarregados pela enormidade da tarefa de recuperação pela frente. "Simplesmente não sabemos o que fazer," disse um militar chileno. "Você pode ver como o dano é terrível. Não conseguimos chegar a todas as áreas."
Muitos hospitais estão sem condições de uso, e os médicos fazem o possível para tratar membros esmagados, feridos e fraturas em instalações improvisadas, nas quais os suprimentos médicos são escassos.
A entidade Médicos Sem Fronteiras está enviando um hospital inflável com dois centros cirúrgicos, e vários países estão mandando hospitais de campo. Um navio-hospital da Marinha dos EUA, o Confort, também está voltando ao Haiti, onde já prestou atendimento à população depois das tempestades, inundações e deslizamentos de 2008.
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